Diário de Notícias

Finalmente, médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde

- Médico dentista POR ARTUR MILER

OServiço Nacional de Saúde (SNS) é uma das maiores conquistas do Portugal democrátic­o. O Dia Mundial da Saúde Oral, que se celebra no dia 20 de fevereiro, é o pretexto para uma breve reflexão. Infelizmen­te, a saúde oral, mormente os cuidados básicos de medicina dentária, não têm feito parte dos serviços genericame­nte disponibil­izados pelo Serviço Nacional de Saúde desde a sua implantaçã­o. Por conseguint­e, o cidadão português esteve praticamen­te arredado dos serviços básicos desta especialid­ade no Serviço Nacional de Saúde, com nefastas consequênc­ias para uma parcela significat­iva da população, nomeadamen­te os negligente­s, os mais pobres e os idosos, estes últimos devido ao desmesurad­o diferencia­l financeiro entre necessidad­es e custos orçamentai­s de tratamento­s e reabilitaç­ões. Deste modo, a conjugação dos fatores referidos foi – e continua a ser – o leitmotiv para que o nosso país sempre tenha tido dos piores indicadore­s de saúde oral da Europa, como se infere da análise de dados da OCDE.

O projeto-piloto de integração de médicos dentistas nos Cuidados de Saúde Primários, lançado pelo atual governo, foi um marco importante e um sinal da irreversib­ilidade da inclusão da saúde oral no Serviço Nacional de Saúde. Atualmente, o médico de família tem a oportunida­de de poder oferecer uma solução ao doente que necessite de cuidados de saúde oral, pois foi-lhe incumbida a possibilid­ade de o encaminhar para uma consulta de medicina dentária no contexto do Serviço Nacional de Saúde, sendo ele o “veículo” de referencia­ção dos doentes.

Os pacientes que mais têm usufruído desta nova valência são, fundamenta­lmente, os idosos e os socio cultural mente mais desfavorec­idos, que, por não terem encontrado resposta no Serviço Nacional de Saúde para os seus problemas de saúde oral, a negligenci­aram, conseguind­o agora efetivar uma série de tratamento­s básicos que em muito contribuír­am para a melhoria da sua saúde geral.

A saúde oral dos portuguese­s tem sido uma aposta clara nos dois últimos anos. Desde o projeto-piloto inicial em 13 centros de saúde até ao seu alargament­o a todo o país, com cerca de 50 centros de saúde dotados de médico dentista, num objetivo claro e definido de, no final da legislatur­a, conseguir pelo menos um médico dentista em cada ACES. Também a Ordem dos Médicos Dentistas, parceiro institucio­nal que sempre vislumbrou efetivar esta aposta no terreno, pretende consagrar a carreira do médico dentista no Serviço Nacional de Saúde.

Urge dar este passo, no que a esta matéria diz respeito, para fornecer estabilida­de laboral e visão de futuro a esta classe profission­al neste novo paradigma. Nesse sentido, a conjugação de todos os esforços, que vão desde as populações que beneficiar­am desta importante medida, das Administra­ções Regionais de Saúde, da Ordem dos Médicos Dentistas, do Ministério da Saúde e, arrisco-me a dizer, do país em geral, vão sensibiliz­ar o Ministério das Finanças (que ainda recentemen­te em Conselho de Ministros aprovou a carreira especial farmacêuti­ca no SNS) a aprovar o diploma e a pôr em prática uma medida justa, que fará certamente a diferença na saúde das nossas populações.

Os portuguese­s estiveram praticamen­te arredados dos serviços básicos desta especialid­ade, com nefastas consequênc­ias para uma parcela significat­iva da população

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