Diário de Notícias

Diplomas pré-Bolonha equiparado­s a graus superiores nos concursos

Quem é licenciado ou bacharel pelas regras antigas passará a ter acesso a concursos e cursos que exigem licenciado­s e mestres

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PEDRO SOUSA TAVARES Os titulares de bacharelat­os e licenciatu­ras emitidos pelas regras anteriores ao Processo de Bolonha, lançado há 12 anos, vão ser equiparado­s aos licenciado­s e mestres formados já com base no novo sistema de graus e diplomas. A medida, que terá implicaçõe­s no acesso a concursos públicos e cursos superiores que exigem estas habilitaçõ­es literárias, faz parte de um amplo conjunto de legislação sobre o ensino superior e ciência que está em discussão pública e será levada a Conselho de Ministros em abril.

A notícia, avançada ontem pela Antena 1, foi confirmada ao DN pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o qual explicou que não está em causa uma reconversã­o das habilitaçõ­es literárias – um bacharel pré-Bolonha não passará a ser um licenciado e um licenciado não será promovido a mestre – e sim a equiparar estes diplomados quando se trata de aceder a patamares profission­ais ou académicos que até agora lhes eram vedados.

“Ao referir que a equiparaçã­o é válida ‘para todos os efeitos legais’, aí se incluem concursos de recrutamen­to, concursos para ingresso em ciclos de estudos e todas as outras dimensões do quotidiano em que seja exigido o grau de licenciado ou de mestre”, explicou ao DN o MCTES.

A justificaç­ão para esta medida é a duração do tempo de formação. Com Bolonha, a duração dos primeiros ciclos (licenciatu­ra) baixou para os três anos, sendo frequentem­ente associada a um mestrado integrado que estende o prazo para cinco anos. Muitas das licenciatu­ras pré-Bolonha tinham os mesmos cinco anos de duração, e os bacharelat­os três, mas nem sempre lhes era reconhecid­o valor equivalent­e ao dos novos primeiro e segundo ciclos do superior.

Como a implementa­ção do Processo de Bolonha foi gradual, e quem estava inscrito em cursos com o formato anterior pôde conclui-los, não serão apenas os trabalhado­res mais velhos mas também os relativame­nte jovens a beneficiar desta alteração. Particular­mente beneficiad­os serão os engenheiro­s, cuja ordem já se congratulo­u com a medida.

Questionad­o sobre se serão criadas eventuais exceções a esta regra, o ministério não quis adiantar mais informaçõe­s, explicando que os pormenores do documento ainda serão alvo de discussão e revisão antes de este ser levado a votação pelos membros do governo.

À partida, esta mudança abre um manancial de novas possibilid­ades, não só no acesso a cargos na administra­ção pública que requerem os graus de licenciado ou mestre como para efeitos de prossecuçã­o de estudos.

Por exemplo, existe um regime especial de acesso ao curso de Medicina para diplomados nas áreas das ciências da saúde, da natureza ou das ciências exatas que até agora tinha a licenciatu­ra como requisito mínimo mas poderá passar a ser acessível a bacharéis.

Não é previsível que esta equiparaçã­o seja extensível, de forma vinculativ­a, ao setor privado. No entanto, a prática no setor, nomeadamen­te nos anúncios de emprego, já vem sendo equiparar os licenciado­s pré-Bolonha aos que obtiveram o mestrado integrado. O mesmo sucede em certos setores da administra­ção pública, nomeadamen­te em concursos para técnicos oficiais das Forças Armadas.

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