As ilusões nascidas da queda do Muro de Berlim e do colapso da URSS deram lugar a um clima de tensão e hostilidade entre Rússia e Ocidente
em dar os resultados esperados num processo em que a Rússia emparceira com países com cálculos estratégicos distintos.
O conflito da Geórgia, em 2008, coloca a disputa entre a Rússia e os Estados Unidos e a NATO pela influência no espaço da ex-URSS no plano diretamente militar. A crise da Ucrânia, em 2014-2015, leva a tensão ao rubro. A Rússia anexa a Crimeia, território que considera historicamente seu e que alberga a base de Simferopol, de crucial importância estratégica.
Segue-se uma escalada de tensão, a imposição de pesadas sanções à Rússia e um importante reforço do dispositivo bélico da NATO e dos Estados Unidos da Polónia aos Estados do Báltico ou à Roménia pressionando diretamente as fronteiras ocidentais da Rússia. De corda esticada Apesar da vitória russa, o conflito com a Geórgia veio pôr a nu graves vulnerabilidades militares. A Rússia lançou-se num ambicioso plano de reformas militares e num ousado projeto de dez anos (2011-2020) de reequipamento das suas forças armadas. Putin anunciou no seu discurso anual sobre o estado da Nação, a 1 de março – semanas depois de o Pentágono ter dado conta de um reforço do arsenal nuclear americano –, o desenvolvimento de duas novas armas nucleares capazes de ludibriar os sistemas antimísseis balísticos desenvolvidos pelos Estados Unidos.
Numa conferência de imprensa em dezembro último, o número um do Kremlin observou que os gastos militares russos são mais de dez vezes inferiores aos dos Estados Unidos e perguntou-se: “Podemos nós acompanhar as despesas militares dos EUA? Não.”
Na perspetiva de muitos analistas ocidentais, a modernização das forças armadas representa um esforço pesado para a economia russa e que impõe restrições nos orçamentos de setores como a Saúde e a Educação.
A quebra abrupta dos preços do petróleo a partir de 2014 constituiu um choque para uma economia russa muito dependente da exportação de recursos energéticos. A economia russa viveu uma séria recessão em 2015 e 2016 (recuo de 4% no PIB) – falência de empresas, quebra nos salários, agravamento