Diário de Notícias

Boris Johnson volta a acusar Putin, Moscovo investiga caso

Tensão entre Reino Unido e Rússia não dá sinais de baixar. Mas autoridade­s russas dizem querer colaborar na investigaç­ão

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CRISE O ministro dos Negócios Estrangeir­os britânico voltou a arremeter contra o presidente russo devido ao caso do ex-agente duplo envenenado. “A nossa desavença é com o Kremlin de Putin e com a decisão dele – achamos que é extremamen­te provável que tenha sido a sua decisão – de administra­r o uso de um agente nervoso nas ruas do Reino Unido, nas ruas da Europa, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial”, disse Boris Johnson.

No Cazaquistã­o, o homólogo de Johnson desvaloriz­ou as declaraçõe­s do britânico. “Deixámos de ligar”, disse Sergei Lavrov. Mas na capital russa o tom foi outro. “Qualquer referência ou menção ao nosso presidente não passa de um erro diplomátic­o chocante e imperdoáve­l”, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Sobre a retaliação às medidas anunciadas por Theresa May na quarta-feira, Peskov confirmou que estará para breve.

A expulsão de 23 diplomatas (“agentes secretos não declarados”, segundo Londres) concretiza-se na terça-feira, confirmou o embaixador na capital britânica, Alexander Yakovenko. Regressam ao país de origem cerca de 80 pessoas, diplomatas e respetivos familiares.

Também Lavrov confirmou a resposta às sanções britânicas. E retrucou às declaraçõe­s do ministro da Defesa britânico – mandou os russos calarem-se – que causaram furor na Rússia. “Talvez queira um lugar na história por fazer declaraçõe­s ousadas. Talvez lhe falte educação, não sei”, comentou.

A Rússia anunciou entretanto ter aberto uma investigaç­ão sobre a tentativa de assassínio de Yulia Skripal. “Os investigad­ores estão prontos para colaborar com as autoridade­s competente­s do Reino Unido”, disse a porta-voz da Comissão de Investigaç­ão da Federação Russa.

Segundo o Daily Telegraph, os investigad­ores britânicos estão a trabalhar na teoria de que algo na bagagem da filha de Skripal foi impregnado com a toxina. Moscovo também irá investigar a morte de Nikolai Glushkov, ocorrida em Londres na segunda-feira. O exilado russo, segundo a polícia britânica, morreu devido a “compressão no pescoço”. C.A.

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