Número de casos de sarampo confirmados subiu para 25. Há 72 casos suspeitos
Setecentas pessoas foram vacinadas contra o sarampo no Hospital de Santo António, no Porto, nos últimos dois dias, e dois dos quatro doentes internados devido ao surto desta doença tiveram alta, segundo o bastonário da Ordem dos Médicos (OM).
No final de uma visita ao hospital do Porto, Miguel Guimarães demonstrou a preocupação em torno do surto, informando que nos últimos dois dias “700 pessoas com ligação ao Hospital de Santo António, entre funcionários e empresas que colaboram, vacinaram-se”.
“A informação que tenho é que eram quatro doentes internados, dois deles já vão para casa, ficando outro internado e o restante era já um doente que estava internado e que acabou por ter sarampo”, informou. O bastonário referiu “haver 39 casos a aguardar os resultados das análises, para um total de 51 casos suspeitos, na maioria profissionais de saúde do hospital”.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), até ao final da tarde de ontem foram notificados, na região norte, 72 casos suspeitos de sarampo, a maioria dos quais com ligação laboral ao Hospital de Santo António. “Dos 72 casos notificados, 25 foram confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e 15 foram informados”, segundo a DGS, acrescentando que os restantes casos aguardam resultado laboratorial.
Todos os casos confirmados são em “adultos, estando três internados em situação clínica estável”. Dos 25 casos, 16 foram confirmados em mulheres, cinco em pessoas não vacinadas, quatro em pessoas com esquema vacinal incompleto e um numa pessoa com esquema vacinal desconhecido.
Salientando que o hospital “tomou todas as medidas”, o bastonário referiu que a OM “está ao dispor para o que for necessário”, deixando em aberto o cenário de pedir aos profissionais “colaboração nas urgências” caso seja “necessário reforçar a presença”.
Defendendo que o Programa Nacional de Vacinação é “absolutamente essencial para o país”, reforçou que o “facto de as pessoas se vacinarem não é só bom para si, é para si e para a sociedade”, acentuando estar-se a falar de um “problema de saúde pública”.
Entretanto, a Ordem dos Enfermeiros recusa admitir qualquer requisito de entrada na profissão que passe pelo esquema vacinal, mas diz-se disponível para campanhas alargadas de vacinação e para discutir o investimento nos cuidados primários de saúde.
“Se quiserem fazer a discussão sobre a vacinação para todos estamos abertos a fazer essa discussão, agora como requisito para trabalhar que as pessoas sejam obrigadas, e apenas para um grupo profissional, não estamos disponíveis”, afirmou a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco. “Parece que há uma tentativa de atribuir a culpa do surto de sarampo aos profissionais de saúde, e isso eu recuso. Até porque há profissionais de saúde que tinham as duas doses da vacina”, acrescentou.
No plano político, o PCP formalizou um conjunto de perguntas dirigidas ao ministro da Saúde sobre o atual surto de sarampo e as medidas relativas à vacinação de vários grupos profissionais mais expostos.