Diário de Notícias

Cafú foi o herói do Boavista no último dos dois triunfos alcançados em casa do FC Porto e deixa conselhos aos axadrezado­s

- V. Setúbal e Portimonen­se empataram ontem (1-1) na abertura da jornada. Os sadinos adiantaram-se logo aos 2’ por André Pereira, mas Dener empatou para os visitantes aos 14’.

O FC Porto-Boavista é um dérbi com muita história no campeonato e que nos dias de hoje procura reencontra­r os caminhos de uma rivalidade que teve o ponto alto entre o final do século passado e o início do atual. Eram os tempos de um dragão dominador e do Boavistão que se sagrou campeão em 2000-01.

Foi nesse período que os axadrezado­s alcançaram as únicas vitórias no reduto dos portistas, sempre com Jaime Pacheco como treinador. Em outubro de 1998, Timofte e Rogério cimentaram um triunfo por 2-0; em novembro de 2004 o herói foi o internacio­nal cabo-verdiano Cafú, que aos 90+3 bateu Vítor Baía e ofereceu às panteras a última vitória no terreno do rival. “Claro que me lembro bem do jogo. Sempre que há um dérbi vêm falar comigo e acho que será assim enquanto o Boavista não voltar a vencer no Estádio do Dragão”, começou por dizer Cafú ao DN, avançado que aos 40 anos ainda se mantém no ativo ao serviço do Maia Lidador, dos campeonato­s distritais.

“O golo? O Frechaut passou-me a bola, eles pediram fora-de-jogo, e eu isolei-me, adiantei um pouco a bola, mas quando o Vítor Baía saiu metia por baixo dele...”, conta, com um entusiasmo como se tivesse acabado de marcar. “Foi espetacula­r! O FC Porto tinha acabado de ser campeão europeu, tinha uma grande equipa e aquela foi a primeira derrota de sempre deles no Estádio do Dragão”, sublinhou.

Os dias que se seguiram foram também “inesquecív­eis”, como aliás Cafú faz questão de recordar. “Esse jogo foi em novembro e na semana após o meu aniversári­o. A minha família tinha vindo ao Porto para estar comigo nessa data”, conta o avançado que três dias antes do dérbi completara 27 anos. “Estava nas nuvens... fui famoso durante uma semana, todos queriam falar comigo devido ao golo da vitória no Dragão”, recorda com alegria.

Cafú em ação pelo Boavista. Foi o responsáve­l pela primeira derrota do FC Porto no Estádio do Dragão

Cafú lembra-se bem do segredo desse triunfo épico, alcançado no tempo extra. “O FC Porto era uma equipa muito forte, com excelentes jogadores, mas nós corríamos mais do que eles, pois só assim conseguíam­os fazer frente à maior qualidade que eles tinham. No final do jogo tivemos aquela hipótese de marcar e foi maravilhos­o”, resume. Saudades do ambiente do dérbi No dérbi desta noite (20.30, SportTV1) no Dragão, Cafú chama a atenção para a temporada que o Boavista tem vindo a fazer. “Tem surpreendi­do, pois com este treinador [Jorge Simão] tornou-se uma equipa mais consistent­e”, diz, admitindo, no entanto, que será muito complicado repetir a vitória de 2004. “O FC Porto está mais capaz este ano, mas vem de uma derrota e, por isso, vai entrar com tudo, afinal não pode perder mais pontos na luta pelo título”, sublinha, acreditand­o, contudo, que o Boavista “vai complicar” a vida à equipa de Sérgio Conceição e que uma surpresa “vai depender se o FC Porto conseguir marcar cedo ou não”: “Se não conseguir, o Boavista pode aproveitar alguma ansiedade do adversário.”

Ao falar destes duelos, Cafú revela o entusiasmo que lhe percorria a alma quando estava no Bessa. “Na semana que antecedia o dérbi, o ambiente era muito forte. Houve um ano em que os adeptos portistas até pintaram a pantera... foi um ambiente terrível, mas era bom demais viver aqueles momentos. Não sei como é agora, mas naquele tempo a rivalidade era muito grande”, assume, lembrando que “o Boavista era muito respeitado”. E, nesse sentido, apela aos jogadores boavisteir­os “que se divirtam com responsabi­lidade” e que “desfrutem do momento, jogando com qualidade”.

É o frenesim dos jogos que ainda mantém Cafú nos relvados aos 40 anos. “Tenho muita força de vontade... ainda dou aquelas arrancadas que costumava dar, mas já não tantas. Gosto do jogo e do treino”, assume o avançado, que apenas joga por prazer, pois atualmente é personal trainer e proprietár­io de um centro de treino em Matosinhos. “Este ano já não era para jogar, mas surgiram vários convites e acabei por aceitar o do Maia porque o campo é relvado e consigo conciliar com o meu trabalho, pois o treinador dispensa-me de alguns treinos quando não posso”, justifica, acrescenta­ndo que este “dificilmen­te não será o último ano” e explica porquê: “Sou muito competitiv­o e já começo a ser chato e exigente para os colegas, que são amadores e estão ali só para se divertirem.”

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