Educação Física perto de contar para a média
PS e CDS admitem solução que valorize disciplina. Bloco e PCP com projetos de resolução
PEDRO SOUSA TAVARES A disciplina de Educação Física está mais perto de voltar a contar para a média final do secundário e para o acesso ao ensino superior. É pelo menos esta a indicação deixada pela discussão do tema, ontem à tarde, na Comissão de Educação e Ciência, em que – mesmo sem se comprometerem com a aprovação dos projetos de resolução do Bloco de Esquerda e PCP – o PS e o CDS-PP admitiram viabilizar uma solução nesse sentido.
Numa discussão agendada pelo Bloco de Esquerda, em que participaram representantes das duas confederações de pais – Confap e CNIPE – e o presidente do Conselho das Escolas, apenas o PSD, entre os partidos, descartou o regresso do peso da disciplina nas médias do secundário. “Há alunos que valorizam determinadas disciplinas, nomeadamente os das Artes, da parte das Humanidades, que muitas vezes na sua prática como alunos não valorizam muito a Educação Física”, defendeu o deputado socialdemocrata Rui Silva, acrescentando no entanto ser consensual que “a Educação Física é fundamental quer para o crescimento físico quer intelectual dos nossos alunos”.
Com Luís Monteiro, do Bloco, e Ana Mesquita, do PCP, a defenderem a importância de se “valorizar” formalmente a Educação Física, até como indicador para uma sociedade em que muitas crianças sofrem já com problemas relacionados com o sedentarismo, do PS e do CDS vieram sinais de que deverá mesmo ser alcançado um acordo nesse sentido.
O fim do peso da Educação Física nas classificações finais foi uma decisão tomada pelo anterior ministro da Educação Nuno Crato, em 2012, que a atual equipa do ministério – mais concretamente o secretário de Estado João Costa – já deu por diversas vezes sinais de pretender reverter.
Até agora, a intenção nunca foi concretizada. Mas a deputada socialista Susana Amador reconheceu ser “um compromisso” do partido valorizar esta disciplina. “Estamos a fazer estas auscultações, que são fundamentais, para decidirmos de forma cabal e esclarecida por forma a encontrarmos uma solução que valorize esta disciplina, avaliando também os impactos que ela tem quer para o ensino secundário quer para o acesso ao ensino superior”, disse.
Já Ana Rita Bessa, do CDS-PP, reconheceu que, apesar da existência de “relatos pontuais” de situações em que alunos terão sido prejudicados no acesso ao ensino superior, o partido não deverá oporse ao regresso ao modelo anterior. “Percebemos e subscrevemos o princípio de que a escola não pode educar apenas da cabeça para cima”, explicou. “A ideia de fundo de que a Educação Física deve contar para a média não nos parece uma ideia a inviabilizar.”
Entre as confederações de pais, as opiniões dividiram-se, com a CNIPE a revelar-se claramente favorável ao regresso do peso da disciplina nas médias e a Confap – com muito maior peso representativo – a lembrar que a decisão de 2012 foi ditada por queixas de pais.
José Eduardo Lemos, do Conselho das Escolas, sugeriu que a disciplina conte para a média do secundário mas seja facultativa para a média de acesso ao superior. Uma alternativa que a Confap admitiu poder vir a apoiar.