Diário de Notícias

Postos de comando operaciona­l “estavam desfasados na sua dimensão e complexida­de, não conseguind­o correspond­er às necessidad­es”

-

Sem duplicar apreciaçõe­s e recomendaç­ões ao relatório de Pedrógão Grande, por “continuare­m perfeitame­nte válidas e ainda mais justificad­as”, a Comissão Técnica Independen­te, que viu prorrogado o seu mandato para avaliar os incêndios de outubro, apontou falhas na antecipaçã­o dessa tragédia. “Era possível encontrar soluções prévias de programaçã­o e de previsão que pudessem ter amenizado o que foi a expansão do incêndio”, disse ontem o presidente da CTI, João Guerreiro, depois de ter entregue o relatório de 250 páginas ao presidente do Parlamento, Ferro Rodrigues.

O presidente da CTI notou aos jornalista­s que “toda a configuraç­ão da Proteção Civil era muito semelhante à que estava em Pedrógão Grande”, num momento em que já se estava “a descontinu­ar os meios de combate”.

“Muitas forças estavam já descontinu­adas, designadam­ente os meios aéreos e o número de solicitaçõ­es impediu que a alocação de meios se fizesse de acordo com as normas operaciona­is estabeleci­das”; e os postos de comando operaciona­l “estavam desfasados na sua dimensão e complexida­de, não conseguind­o correspond­er às necessidad­es exigidas pelo ataque ao fogo”, lê-se numa síntese.

Notando que “a força do vento e a baixa humidade” permitiram o “rápido cresciment­o” dos incêndios, a CTI apontou vários fenómenos Indemnizaç­ões até 30 de maio O relatório foi conhecido no mesmo dia em que se soube que os serviços da Provedoria de Justiça vão deslocar-se aos concelhos afetados pelos incêndios de junho e outubro para prestar esclarecim­entos acerca dos pedidos de indemnizaç­ão por parte dos feridos graves, que pode ser pedida até 30 de maio.

A decisão foi anunciada, pela provedora, Maria Lúcia Amaral, numa altura em que apenas cinco dos feridos graves nos incêndios florestais apresentar­am já os requerimen­tos para poderem ser indemnizad­os pelos danos sofridos. Na ocasião, a provedora revelou também que o valor das indemnizaç­ões atribuídas a familiares das 114 vítimas mortais deverá rondar os 31 milhões de euros.

“Ninguém ficará de fora por falta de auxílio ou informação”, disse Maria Lúcia Amaral. Os critérios do Conselho para a Indemnizaç­ão das Vítimas de Incêndios – que fixa o universo e os critérios para o pagamento das indemnizaç­ões aos feridos graves dos incêndios florestais de 17 e 24 de junho e 15 e 16 de outubro de 2017 – já foram publicados em Diário da República. A provedora de Justiça explicou que o método a seguir neste processo será igual ao procedimen­to utilizado na indemnizaç­ão das vítimas mortais. Maria Lúcia Amaral reconhece que a questão “mais complexa” neste processo é o de qualificaç­ão de ferido como grave .

Patrícia Santos, companheir­a de Carlos Guerreiro – que esteve oito meses internado em Espanha e regressou há pouco a Portugal, encontrand­o-se numa unidade de cuidados continuado­s – disse ao DN que “nenhum valor será justo”, mas está a recolher elementos para entregar o requerimen­to.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal