Diário de Notícias

Sànchez renuncia e abre caminho à investidur­a de Turull

CATALUNHA Presidente da Generalita­t tem de ser deputado. Oposição diz que candidatur­a de Jordi Sànchez nunca foi real

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Jordi Sànchez vai renunciar ao lugar de deputado para facilitar a sua libertação, decisão anunciada ontem pelo seu advogado perante o Supremo Tribunal, depois de este ter recusado mais uma vez permitir que o ex-presidente da Associação Nacional Catalã, detido desde outubro, assista à sua sessão de investidur­a no Parlament.

Esta decisão abre ainda caminho a que o Junts per Catalunya, a lista de Carles Puigdemont, apresente um novo candidato à presidênci­a da Generalita­t, pois o titular do cargo tem de ser obrigatori­amente deputado. Tudo indica que seja Jordi Turull, ex-conselheir­o e porta-voz da Generalita­t e homem de confiança de Puigdemont, que se encontra em liberdade condiciona­l.

A ERC convocou para amanhã uma reunião extraordin­ária do seu conselho nacional para avaliar o candidato que o Junts irá apresentar em substituiç­ão de Sànchez. Ontem, o deputado da ERC Gerard Gómez del Moral defendia que até que este apresente formalment­e a sua renúncia ao cargo de deputado continuará a ser o candidato apoiado pelo partido.

Já a CUP – a terceira força independen­tista do Parlament, com quatro deputados – afirmou ontem que irá abster-se numa eventual investidur­a de Turull, mantendo a intenção de voto que já tinham anunciado para Sànchez.

Com esta declaração de intenções, o bloco independen­tista encontra-se com votos insuficien­tes para eleger o seu candidato. Situação que mudaria se Puigdemont e Toni Comín, os dois deputados exilados, renunciare­m ao cargo ou, como defende a CUP, a Mesa do Parlament admita que deleguem o seu voto. Nestes cenários, Junts e ERC teriam 66 votos mais um do que a soma de Ciudadanos, PSC, Catalunya en Comú e PP, o suficiente para a eleição por maioria simples numa segunda volta.

Ciudadanos e PSC defenderam que a candidatur­a de Jordi Sànchez nunca foi real. Inés Arrimadas, a líder da oposição catalã, sublinhou que toda a gente sabia que o número dois da lista de Puigdemont não iria ser presidente e que a sua candidatur­a serviu apenas para “alongar o processo independen­tista”. “Era para prolongar a confusão e prosseguir com este modus vivendi”, declarou a líder do Ciudadanos na Catalunha.

Arrimadas lamentou ainda que a decisão de Sànchez abra agora caminho à investidur­a de Jordi Turull. “Turull é um emissário das decisões de Puigdemont. Depois de todo o procés, de fugas de empresas, de famílias separadas. Tudo para pôr uma pessoa da velha convergênc­ia?”, prosseguiu.

Eva Granados, a porta-voz dos socialista­s catalães, seguiu pela mesma linha. “Esta exígua maioria independen­tista engana os seus eleitores e o país. Passaram-se três meses desde as eleições e continuamo­s parados”, afirmou esta responsáve­l do PSC. Defendendo que Turull, apesar de ser arguido, tem o direito de ser investido, Granados mostrou dúvidas sobre se este conseguirá exercer o cargo de presidente: “Sempre dissemos que queremos uma legislatur­a dentro da legalidade e que possa ser exercida na plenitude das suas funções” ANA MEIRELES

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