Diário de Notícias

Regresso bem-sucedido do “tigre” fez crescer audiências televisiva­s e preços dos bilhetes para o Masters de Augusta: primeiro do ano será prova de fogo para o lendário golfista

Major

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RUI MARQUES SIMÕES Nunca um mero 105.º classifica­do do ranking PGA criou tanta expectativ­a no mundo do golfe. Mas este n.º 105 da tabela mundial, que há duas semanas era 388.º, não é um golfista qualquer: é o renascido TigerWoods. O regresso bem-sucedido do “tigre” aos greens – após anos de lesões e lutas com os seus demónios interiores – está a criar uma onda de entusiasmo, fazendo crescer as audiências televisiva­s e os preços dos bilhetes para o Masters de Augusta (5 a 8 de abril).

O torneio americano, primeiro major do ano e palco onde Tiger Woods se lançou para a ribalta (venceu a edição de 1997), será uma espécie de prova de fogo da redenção do jogador. Mas, até lá, o mundo do golfe entusiasma-se com o retorno de uma das suas maiores lendas. O “tigre” está a viver a melhor fase desde 2013: nas duas últimas semanas, ficou em segundo lugar no Valspar Championsh­ip e em quinto no Arnold Palmer Invitation­al, subindo 183 posições no ranking PGA.

Tamanha evolução, após o golfista dos EUA ter estado muito perto de abandonar em definitivo a modalidade (em 2016 só disputou um torneio; em 2017, três), reaproximo­u muitos adeptos dos greens. Os bilhetes para a jornada de domingo (último dia) do Masters de Augusta estão a ser vendidos a mais de 3000 dólares (2438 euros). E o número de espectador­es televisivo­s tem subido em flecha: oValspar foi o torneio mais visto nos EUA desde o Players Championsh­ip de 2013 (um dos últimos ganhos por Tiger Woods...) e a audiência do Arnold Palmer Invitation­al cresceu 56% em relação ao ano passado.

O motivo do entusiasmo dos fãs é evidente. Aos 42 anos, após quatro operações às costas, outras quatro cirurgias ao joelho esquerdo, um escândalo sexual e uma detenção por conduzir alcoolizad­o, Tiger Woods parece estar a reaproxima­r-se da forma que lhe deu 14 torneios majors e um total de 79 títulos do PGA Tour. Em três meses, já participou em mais provas (cinco) do que nos anos 2016 e 2017 juntos. E os resultados de Palm Harbour (Valspar Championsh­ip) e Bay Hill (Arnold Palmer Invitation­al) alimentara­m a sua ambição de voltar aos mais altos voos. “Foram duas semanas fantástica­s. Tenho conseguido jogar sem dores. E sinto-me cada vez melhor, de torneio para torneio”, sublinhou o “tigre” ao Golf Digest.

Assim, as expectativ­as crescem em vésperas do emblemátic­o Masters de Augusta: nas casas de apostas, Tiger Woods já é o terceiro favorito à conquista do torneio, apenas atrás do seu compatriot­a Dustin Johnson (atual n.º 1 mundial) e do norte-irlandês Rory McIlroy (7.º do ranking e vencedor em Bay Hill). No entanto, prefere ir com calma: “Não me preocupam as expectativ­as. Sei que tenho muita margem de manobra e muito tempo pela frente. Costumava ganhar torneios com regularida­de, e agora estou no processo [de evolução] para chegar a esse ponto”, afirma o golfista, que não entra num major desde 2015.

Com a mira no recorde de Sam Snead, de 82 títulos no PGA Tour (o de 18 majors de Jack Nicklaus parece mais difícil), Tiger Woods tem, de resto, dois bons exemplos a seguir. Rory Ilroy não conquistav­a qualquer título há 539 dias. E o veterano Phil Mickelson (47 anos), que ganhou no início do mês o WGC-Mexico Championsh­ip, não vencia um torneio há cinco anos.

Ambos são, no fundo, parte da onda de renascimen­tos que encanta o mundo do golfe. Mas, mais do que neles, os olhos detêm-se no “tigre” que se prepara para regressar ao Augusta National Golf Club, três anos depois. “Sinto falta de jogar lá. Estou ansioso por voltar”, conclui Woods. Também os fãs ansiavam há muito vê-lo de volta ao mais alto nível, no sítio onde tudo começou.

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