Diário de Notícias

Resoluções de primavera precisam-se!

- ROSÁLIA AMORIM DIRETORA DO DINHEIRO VIVO

Na primavera, um pouco à semelhança do Ano Novo, definimos uma série de resoluções individuai­s. Entre elas estão, quase sempre, fazer exercício físico, comer de forma mais saudável, sair a horas decentes do trabalho, passar mais tempo com os filhos, gerir melhor o dinheiro e fazer poupanças para o que der e viver e, no fundo, reformar o nosso estilo de vida. Chegam os primeiros raios de sol, após as longas chuvadas do inverno, e estamos cheios de energia para implementa­r os objetivos traçados. Mas existe uma grande diferença entre definir um plano e cortar a meta.

Na política e na economia, as resoluções também são muitas, mas nem sempre as metas são atingidas. Depois do duro inverno da troika, começaram a chegar os primeiros raios de sol e Portugal respirou de alívio, redistribu­iu rendimento­s e sonhou com várias reformas... mas que continuam por alcançar. A OCDE alertou nesta semana para a situação portuguesa, ao revelar que apenas 14% das reformas considerad­as chave foram feitas no nosso país. Há cerca de um ano a mesma organizaçã­o fez dezenas de recomendaç­ões para a implementa­ção de reformas em Portugal, mas pouco mudou de lá para cá. Na nova edição do estudo Going for Growth, apresentad­o nesta semana em Buenos Aires no âmbito da reunião do G20, a OCDE colocou o dedo na ferida e disse que Portugal fez progressos “muitos limitados” em termos de reformas estruturai­s. A desilusão ficou à vista de todos aqueles que no encontro participar­am. O bom aluno português desta vez não passou com distinção na avaliação.

Os únicos progressos assinalado­s pela OCDE de forma positiva ou satisfatór­ia dizem respeito à área dos impostos. Para aquela instituiçã­o, o país deveria estar a aproveitar o bom clima de retoma para fazer as reformas, que de outro modo terão muitas dificuldad­es em implementa­r quando os tempos forem de novo mais agrestes.

Tal como acontece com as resoluções individuai­s, é preciso aproveitar o mood da primavera para pôr em marcha o que o inverno chuvoso adiou.

Como diz a OCDE, “a recuperaçã­o da economia global deve ser usada para implementa­r reformas estruturai­s que aumentem os rendimento­s e o bem-estar no longo prazo e para todos”. Não fazer as reformas de fundo é compromete­r o futuro do país e da sociedade que nele vive e trabalha. Tal como sucede com cada um de nós, de cada vez que protelamos uma resolução adiamos também uma oportunida­de de reformar a nossa existência.

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