Diário de Notícias

Theresa May leva ameaça russa para cimeira da UE

Para a governante de Londres, a “ameaça russa não respeita fronteiras”. Mogherini salientou a importânci­a de “dar um sinal forte”

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May e Juncker no início da cimeira. Britânica esperava mais de Bruxelas na questão do ex-espião russo JOÃO FRANCISCO GUERREIRO, em Bruxelas Os líderes europeus reuniram-se ontem em Bruxelas numa cimeira marcada por três temas. A agenda incluiu o debate introduzid­o pelo Reino Unido sobre a “ameaça da Rússia”, uma discussão sobre as taxas dos Estados Unidos a produtos europeus e o incontorná­vel brexit. A principal discussão esteve relacionad­a com a reação da União Europeia (UE) ao envenename­nto de um ex-espião russo em solo britânico. A primeira-ministra Theresa May manifestou preocupaçã­o sobre a “ameaça da Rússia, que não respeita fronteiras”, consideran­do que o incidente de Salisbury responde ao padrão de agressão russa contra a Europa e seus vizinhos próximos, “dos Balcãs Ocidentais ao Médio Oriente”.

Diplomatas da UE citados na imprensa britânica assegurara­m que Londres não iria pressionar para que fossem aplicada novas sanções à Rússia, antes defender que os líderes europeus aceitem a posição britânica de que o envenename­nto do ex-espião foi uma iniciativa de Moscovo. Mas mesmo para esta posição não parece haver unanimidad­e. Itália, por exemplo, exige que o Reino Unido apresente provas, deitando por terra a intenção de May, que chegou a Bruxelas determinad­a em conseguir o apoio dos Estados membros para uma resposta conjunta da UE. Mesmo a solidaried­ade de países-chave como a Alemanha fica aquém do que a primeira-ministra britânica desejaria. “Expressei a minha solidaried­ade a Theresa May e prometi o meu apoio”, disse a chanceler Angela Merkel, explicando que, por agora, “é positivo que o Reino Unido tenha entregue a substância às autoridade­s especializ­adas em armas químicas, onde pode ser analisada”. A alta representa­nte da Comissão Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, esperava que o Conselho conseguiss­e “expressar a maior solidaried­ade possível ao Reino Unido, depois do ataque em Salisbury, assim como já fizemos com os ministros do Negócios Estrangeir­os na segunda-feira”.

“O sinal político mais forte que podemos dar é unidade, unidade, unidade”, defendeu Mogherini, frisando que isso é importante “inclusive no momento em que avançamos na negociação sobre o brexit, isso não faz diminuir a nossa solidaried­ade”.

A saída do Reino Unido da UE foi outro dos temas em destaque, numa altura em que ainda não há modelo definido para resolver o problema da fronteira entre as duas Irlandas após o brexit. A chanceler alemã disse esperar que hoje a Comissão apresentas­se “progressos relativos à futura relação com Londres. Sem concretiza­r, o primeiro-ministro luxemburgu­ês, Xavier Bettel, considerou que “existem bases” de trabalho, adiantando que a “posição britânica tem evoluído” e permite avançar “na direção certa”.

Outro tema a marcar a discussão foi o das tarifas comerciais impostas pelos EUA ao aço e ao alumínio europeus. Quando se iniciou a reunião ainda não era conhecida a decisão anunciada pelo secretário do Comércio americano, Robert Lighthizer, de também incluir a UE, juntamente com a Argentina, a Austrália, o Brasil e a Coreia do Sul no rol de países com taxas sobre o aço e o alumínio suspensas.

Na conferênci­a de imprensa intercalar, numa altura em que a decisão já fora anunciada, os líderes europeus recusaram-se a fazer declaraçõe­s sobre o tema por ainda não conhecerem os detalhes. No arranque da cimeira, o presidente Jean-Claude Juncker tinha-se declarado incapaz de “pensar que a parceria transatlân­tica estaria ameaçada. Precisamos de continuar a trabalhar com os americanos”, disse então.

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