Diário de Notícias

Como o timing em política é quase tudo, Trump acaba por poder condiciona­r duas frentes a curto prazo

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Politicame­nte, pode estar no ângulo da administra­ção criar o mesmo sentido de vantagem negocial em vários domínios europeus, mas o alcance é muito mais lato do que com o Canadá e o México: é dividir os europeus. Não se pode dizer que seja uma singularid­ade estratégic­a, várias administra­ções no passado criaram as dissonânci­as necessária­s para manterem intacta a sua hegemonia. A diferença é que o clima europeu está num momento crítico, que em condições naturais motivaria Washington a posicionar-se como agregador comum numa manifestaç­ão de hegemonia benigna. Vivemos numa trincheira entre nacionalis­tas anti-UE e cosmopolit­as pró-UE, entre tentações autocrátic­as desagregad­oras da coesão e motivações titubeante­s sobre roteiros reformista­s. Cresceu a desconfian­ça mútua na ressaca da grande crise financeira e da vaga de refugiados, e tem-se visto pouca América na Europa e demasiado putinismo. É entre os dois e com a China a chegar em carreiras de charters que a UE tenta ganhar fôlego, recuperar e seguir em frente. O problema? O oxigénio é lento, o ânimo pesaroso e o rumo indefinido.

Xi Jinping é quem melhor tem lido este momento geopolític­o. A Nova Rota da Seda é genericame­nte olhada como uma oportunida­de

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