Diário de Notícias

Portuguese­s falam em revolta mas elogiam o apoio dos adeptos

Três portuguese­s radicados na cidade alemã falam ao DN de como a possível descida de divisão está a ser vivida

- ANDRÉ CRUZ MARTINS

Há um misto de sentimento­s entre os adeptos do Hamburgo com a provável descida do clube mais representa­tivo da cidade ao segundo escalão alemão, como refere ao DN Júlio Nascimento, dono do restaurant­e portuguêsV­asco da Gama, localizado no centro da segunda metrópole germânica com mais população, só superada por Berlim. “Por um lado, muitos estão revoltados, como se viu naquele episódio há umas semanas em que foram ameaçados de morte, mas outros estão resignados porque já perceberam que não há nada a fazer. Os treinadore­s entram e saem e tudo continua igual, com a equipa a caminho da II Divisão”, revelou.

Júlio Nascimento, que emigrou para a Alemanha em 1982, como cozinheiro, e em 1996 se estabelece­u por conta própria com o restaurant­e, lembra que nem todos os habitantes da cidade estão tristes com a descida de divisão. “Aqui existe uma grande rivalidade entre os adeptos do Hamburgo e do St. Pauli e estes estão muito contentes com a possibilid­ade de verem os rivais no segundo escalão pela primeira vez na história”, disse. Ou seja, está “na calha” um dérbi na 2. Bundesliga em 2018-19…

André Pinto, empregado de mesa no restaurant­eVasco da Gama, confessa-se surpreendi­do com a atual situação do Hamburgo. “Problema de falta de dinheiro eles não têm, por isso faz-me confusão que estejam no último lugar da Bundesliga e com a descida praticamen­te confirmada. Não sei o que se poderá estar a passar e até acho que neste momento o St. Pauli já tem mais força do que o próprio Hamburgo”, defendeu. Ainda assim, este português radicado há cinco anos em Hamburgo tira o chapéu aos adeptos do lanterna vermelha do campeonato alemão, “pois mesmo com o clube nesta situação continuam a encher o estádio e a fazer uma grande festa”. De resto, diz que, “desde que haja futebol, cerveja e salsichas, os alemães estão contentes, independen­temente dos resultados dos jogos”.

André Pinto não torce por nenhum clube germânico, assumindo que “é do Benfica e de mais nenhum”. E confessa que não conhece em profundida­de o plantel do Hamburgo, só sabendo de cor o nome do brasileiro Douglas Santos, habitual titular no lado esquerdo da defesa.

Já Luís Silva, empregado de mesa no restaurant­e Dom José, diz-nos que “existe uma grande tristeza na cidade com a descida do Hamburgo” e que “muitas pessoas ainda não acreditam que isso venha a acontecer”. Ainda assim, elogia o espírito dos adeptos. “O nosso restaurant­e fica a cinco minutos de carro do estádio do Hamburgo e em dias de jogos é visível um aumento de movimento. Eles continuam a vibrar com o clube, enchem o estádio e vestem-se quase todos a rigor, com camisolas e cachecóis.”

Por outro lado, aprecia o ambiente de festa que se vive no estabeleci­mento. “Felizmente, os alemães não são como os portuguese­s, sendo possível que adeptos de diferentes clubes confratern­izem antes dos jogos, enquanto bebem umas cervejas.” E, para quem pense que os alemães são mais frios do que os adeptos lusos a ver jogos, garante que isso não passa de um dos habituais estereótip­os associados aos germânicos. “Posso dizer-lhe que eles até são mais entusiasta­s do que os portuguese­s e fazem um ambiente muito giro aqui na casa nos dias dos jogos. Tenho pena de que eles estejam em vias de descer de divisão, mas tenho a certeza de que, mesmo na segunda divisão, continuarã­o a apoiar o Hamburgo”, antevê.

“Desde que haja futebol, cerveja e salsichas, os alemães estão contentes, independet­emente dos resultados”, diz André Pinto

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