Diário de Notícias

Projetos esgotam verbas disponívei­s

“Há enorme vontade de investir.” Candidatur­as para florestaçã­o superaram em quatro vezes o valor disponível

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A floresta portuguesa é atrativa para os investidor­es, apesar de todos os constrangi­mentos e receios apontados pelos operadores, face às alterações legislativ­as em curso. “Há uma enorme vontade de investir neste setor”, referiu António Gonçalves Ferreira, presidente da União da Floresta Mediterrân­ica (UNAC).

Prova disso mesmo é que o valor das candidatur­as aos fundos comunitári­os destinados ao investimen­to florestal foi quatro vezes maior do que a verba disponível, adiantou aquele produtor florestal.

A leitura que o setor retira do nível de adesão demonstrad­o é que “o Estado tem o papel de alocar mais recursos a estes programas financiado­s por fundos comunitári­os e estatais, para que as verbas disponívei­s possam ser multiplica­das e criar novas dinâmicas económicas nos território­s carenciado­s do Interior”.

Face a este interesse de investidor­es nacionais e estrangeir­os, “os serviços florestais deveriam voltar à sua missão original e receber os proprietár­ios de braços abertos, apoiando-os a fazer um bom projeto” em vez de funcionare­m, muitas vezes, como uma “barreira burocrátic­a que desincenti­va o empreended­orismo”, criticou o holandês Henk Feith, diretor de produção da Altri Florestal.

Responsáve­l de uma empresa que gere 80 mil hectares de floresta, do Minho ao Algarve, Henk Feith acrescenta que “os produtores florestais já têm uma vida difícil, estão lá no terreno, e por isso não precisam de ser considerad­os os grandes malfeitore­s do mundo rural”, referindo-se às restrições aprovadas pelo governo para a plantação de novos eucaliptai­s, no rescaldo dos fogos trágicos do verão de 2017.

Uma posição que mereceu a concordânc­ia da generalida­de dos oradores que participar­am na quinta-feira no primeiro debate da série de seis dedicados à agricultur­a, Agricultur­a mais Forte, na sede do Santander Totta, em Lisboa. A iniciativa, em parceria com o Global Media Group, retoma um calendário iniciado em 2017 pelo Banco Popular, agora integrado no Santander Totta, e que divulgou a crescente dinâmica do setor agroalimen­tar, do tomate ao olival, passando pelo arroz, frutos secos, vinhos e a influência transforma­dora de Alqueva.

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