Diário de Notícias

Os países desenvolvi­dos começam a privilegia­r a experiênci­a como método de ensino. Porque os testes de papel e caneta que conhecemos não são suficiente­s para avaliar a aquisição de conhecimen­to dos alunos

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do futuro abrangerá certamente algo mais do que a aquisição tradiciona­l de conteúdo. Será uma mistura rica de conhecimen­tos, habilidade­s, atitudes e valores que educam o futuro da nossa sociedade. Devemos, por isso, tornar a educação uma ferramenta relevante para ajudar as pessoas a viver uma vida melhor e, o mais importante, capacitar-nos para moldar o mundo onde querermos viver.

O Projeto_80 nasceu com esse propósito. Numa altura em que a sustentabi­lidade e o ambiente dominam a agenda e têm especial destaque na educação, apresenta-se como uma ferramenta das políticas públicas nestas áreas, com o objetivo de sensibiliz­ar os jovens entre os 13 e os 18 anos para a educação ambiental para a sustentabi­lidade e para a educação para a cidadania, através da motivação do empreended­orismo e associativ­ismo juvenis nas suas escolas e comunidade­s.

É uma iniciativa da Agência Portuguesa do Ambiente, Agência Nacional para a Qualificaç­ão e o Ensino Profission­al, Direção-Geral da Educação, Direção-Geral dos Estabeleci­mentos Escolares, Instituto Português do Desporto e Juventude, Quercus e Green Project Awards. Nasceu em 2013 e já envolveu mais de 600 escolas e chegou a mais de 480 mil alunos. E é, no terreno, uma ferramenta estratégic­a para a concretiza­ção das medidas preconizad­as na Estratégia Nacional de Educação Ambiental e na Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, que visam a formação do indivíduo como cidadão participat­ivo. Daqui já saíram ideias premiadas, que não só criaram uma nova dinâmica nas escolas e nos municípios aos quais pertencem, como também na sociedade onde se inserem, e na motivação dos próprios jovens como empreended­ores e pessoas mais consciente­s para as áreas do ambiente e da cidadania.

O projeto distinguid­o no ano passado na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, no Porto, é um bom exemplo. Um compostor em cortiça, pensado e criado pelos alunos, que transforma a matéria orgânica do lixo em adubo orgânico que está a ser utilizado na escola. Um projeto que procurou uma solução para um problema real: o facto de todos os anos os portuguese­s deitarem para o lixo um milhão de toneladas de alimentos, cada um desperdiça­ndo em média 132 quilos de comida. Claro que a compostage­m já existe e contribui fortemente para o desenvolvi­mento sustentáve­l, mas é maioritari­amente feita em contentore­s de plástico, o que não deixa de ser paradoxal. A cortiça foi uma ideia destes alunos que poderá mudar o futuro.

Nesse ano, pela primeira vez, professore­s portuguese­s podem concorrer ao Global Teacher Prize, um concurso mundial que oferece um milhão de dólares ao docente que dê um contributo extraordin­ário à profissão e à comunidade. Vale a pena apostar em projetos e métodos diferencia­dores, educar para a sustentabi­lidade, a responsabi­lidade e consequent­emente um mundo melhor.

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