Forças Armadas têm apoio popular
› O Presidente da República visitou ontem o Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz. Marcelo garantiu que “os portugueses todos estão” do lado das Forças Armadas, “que não haja dúvida alguma”. “E – sublinhou – quando digo os portugueses, digo os responsáveis designados pelos portugueses. Todos estamos sempre atentos àquilo que é o melhor para as Forças Armadas” porque estas “continuam a defender” os “grandes princípios” da “afirmação soberana” do país e da sua “integração em instituições que contribuem para a paz, para a segurança, para o desenvolvimento e para a justiça”. tempo operacional é contínuo” e se repercute no “passa-palavra” para quem está fora das FA e é um potencial candidato às fileiras. “A culpa nunca é do cliente” À margem da conferência, o ministro da Defesa disse ao DN estar em fase de conclusão um estudo com base em inquéritos feitos junto dos contratados, em que se “procura perceber por que motivo alguém que inicia a sua carreira pode depois ter, a meio do percurso, uma opinião muito mais negativa do que aquela que tinha inicialmente”.
“Isso não é normal”, declarou Azeredo Lopes, lamentando que essa perceção negativa e muitas das desistências (em muitos casos pagando indemnizações) ocorram “logo numa fase tão prematura” do respetivo contrato. Para o ministro, importa “ter a humildade de perceber” que “a culpa nunca é do cliente” – leia-se dos jovens.
Daí a importância, como referiu perante os participantes na conferência realizada no Parlamento, dos resultados do referido estudo para serem adotadas “medidas concretas” em matéria de recrutamento e retenção dos jovens nas fileiras – em vez de fundadas em “meras impressões ou convicções”.
É certo que até ao final de 2017, reconheceu Azeredo Lopes, “o jovem pagava literalmente para poder ter o privilégio de estar nas FA” ao receber apenas 196 euros durante os primeiros quatro meses de vida militar. Mas, até perante os recorrentes apelos para se regressar ao modelo de serviço militar obrigatório (SMO), o ministro da Defesa lembrou ao DN que “as dificuldades de recrutamento não se colocam apenas ao nível das praças” – o que parece reforçar a mensagem de que o valor do salário (mais alto nas categorias de oficiais e sargentos) não é o principal fator de afastamento e ou desilusão com a carreira militar.
“Quando falamos do regresso do SMO, tendemos a replicar o modelo que conhecemos, mas o que está a desenhar-se”nospaísesondeaquestão tem vindo a ser debatida e até aprovada–comoemFrançaenaSuécia – “fica muito aquém do sistema universal”, assinalou o governante.
Outro dado também referido por Alberto Coelho e que aparenta ir no mesmo sentido resulta das diferenças significativas – sendo os salários iguais – que há entre militares dos diferentes ramos: se em pelo menos um existem “70% dos militares” a dizer que recomendam o ingresso de amigos nas FA, noutros há o mesmo nível percentual de contratados a dizer que fariam o contrário.
Helena Carreira, investigadora de questões ligadas às FA e que está envolvida nos estudos em curso no Ministério da Defesa, considerou “uma urgência” concretizar-se o processo de certificação dos cursos ministrados nas Forças Armadas, algo anunciado há anos para os voluntários – e até antes do fim do SMO. “Não ter feito isso talvez explique os problemas de retenção”, alertou a professora universitária.