Diário de Notícias

6-1 à Argentina. Um filme só visto mais duas vezes

Humilhação igual à sofrida com a Espanha só tem paralelo em 1958 e 2009. Alarmes soam a menos de três meses do Mundial

- NUNO FERNANDES

Em 120 anos de história, só por quatro vezes até anteontem a seleção argentina tinha sofrido goleadas por seis golos – mas só duas vezes por 6-1). A humilhante derrota sofrida no particular diante da Espanha (6-1), mesmo sem Lionel Messi (lesionado), fez soar os alarmes no seio da equipa dirigida por Jorge Sampaoli, a menos de três meses do início do Mundial. “Assim é melhor não irmos à Rússia”, chegou a questionar o jornal argentino Crónica, enquanto o Olé falava de uma “catástrofe em Madrid” e de uma “goleada para a história”.

A última derrota da Argentina por números tão expressivo­s tinha acontecido há nove anos. Sob o comando de Diego Armando Maradona, a equipa das Pampas foi copiosamen­te goleada em La Paz, a 3650 metros de altitude, por 6-1, diante da Bolívia de Erwin Sánchez, num jogo de qualificaç­ão para o Mundial de 2010 na África do Sul. Neste dia, além de Messi, estavam no relvado craques como Di María, Zanetti. Mascherano e Lucho González – o ex-portista, aliás, marcou o golo de honra dos argentinos.

Antes, em 1910 e 1945, os argentinos caíram perante o Uruguai e Brasil, em ambas as ocasiões por 6-2, em partidas relativas a troféus já extintos. Mas em 1958, em pleno Campeonato do Mundo da Suécia, a Argentina sofreu igualmente uma goleada por 6-1. Na fase de grupos, ao intervalo, o marcador já indicava 3-0 a favor dos checoslova­cos, que tinham como selecionad­or Karel Kolský. No segundo tempo, mais três golos e um de penálti de Corbatta, que deu o golo de honra aos argentinos de Guillermo Stábile.

Anteontem, diante da Espanha, nem a palestra de Lionel Messi ao intervalo aos colegas de equipa deu resultado, numa altura em que a Argentina perdia por 2-1 – Diego Costa e Isco marcaram para os espanhóis; Otamendi para os argentinos. “Fizemos uma primeira parte incrível, mas depois a Espanha esbofeteou-nos, golpeou-nos por todos os lados! A responsabi­lidade é minha! Este terrível resultado dá-me imensa pena. É preciso analisar tranquilam­ente o que se passou para que não se repita no Mundial”, desabafou no final Sampaoli, confirmand­o que Messi tentou dar sobretudo alento aos jogadores mais jovens. Certo é que, assim que Isco fez o 6-1 aos 74 minutos (o espanhol marcou três golos), Messi, que viu o jogo num camarote no Wanda Metropolit­ano em Madrid, levantou-se e abandonou o local. Uma imagem, aliás, que ontem se tornou viral na internet. No final da partida, nenhum jogador das Pampas falou aos jornalista­s na zona mista. Todos saíram de semblante carregado, uma imagem que se repetiu ontem quando embarcaram no avião.

Diego Maradona, que nos últimos tempos se tem mostrado crítico do trabalho e das opções de Sampaoli, deixou ontem uma mensagem nas redes sociais, mas desta vez num tom conciliado­r: “Num momento destes, a única coisa a fazer é melhorar. Vamos Argentina, sempre!”

A seleção sul-americana (que já foi duas vezes campeã do Mundo, 1978 e 1986) está inserida no grupo D do Mundial da Rússia, juntamente com a Islândia, a Croácia e a Nigéria.

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O guarda-redes argentino Caballero numa noite para esquecer

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