Diário de Notícias

Museus em greve na Páscoa. CGTP alerta para mais protestos em abril

Greves, paralisaçõ­es, manifestaç­ões: março foi mês de grande conflitual­idade social. Não há números, mas Arménio Carlos sublinha que está nas mãos do governo resolver

- MIGUEL MARUJO

“Há compromiss­os que o governo assumiu e não cumpriu”, acusa Arménio Carlos, que assim justifica maior conflitual­idade social

Greve na próxima segunda-feira nos comboios, paralisaçã­o de guardas prisionais, tripulaçõe­s da Ryanair em terra, funcionári­os do SEF parados, greve às horas extra dos pilotos da TAP, professore­s e cientistas na rua a pedirem a regulariza­ção de vínculos laborais ou um desfile ontem, em Lisboa, de jovens trabalhado­res contra a precarieda­de e os baixos salários...

Sem dados disponívei­s para o mês de março, o secretário-geral da CGTP-Intersindi­cal Nacional, Arménio Carlos, não tem dúvidas em classifica­r este mês, que está a terminar, como um dos que mais conflitual­idade social teve desde a tomada de posse do governo socialista com o apoio parlamenta­r do BE, do PCP e do PEV. Sem perspetiva­s de abrandar: abril pode ser um mês de protestos mil.

“O mês de abril e os que se seguem vão determinar o aumento ou não da conflitual­idade, dependendo da resposta do governo”, avisou Arménio Carlos em declaraçõe­s ao DN.

Para o líder da central sindical, está nas mãos do executivo do PS “continuar a pôr os números do défice à frente da vida das pessoas” ou não. “É por demais evidente que se os trabalhado­res não tiverem resposta, vai haver um aumento da conflitual­idade social e um 1.º de maio com uma grande participaç­ão”, antecipou Arménio Carlos.

Segundo o secretário-geral da CGTP, março ficou marcado por lutas sobretudo no setor público, com contestaçã­o na educação, saúde e administra­ção local. “É a consequênc­ia de um conjunto de expectativ­as que foram frustradas”, disse.

A atualizaçã­o salarial continua aquém do esperado e “há uma frustração na forma como estão a ser aplicadas as progressõe­s”, acrescento­u Arménio Carlos. “Há muita gente fora”, apontou. “Há compromiss­os que o governo assumiu e não cumpriu”, nomeadamen­te com os professore­s, na contagem dos anos de carreira, e com os enfermeiro­s, exemplific­ou.

Em síntese, “este mês de março reflete uma resposta firme e organizada” dos trabalhado­res.

Os números são omissos, para já. E analisando os dados de janeiro e fevereiro, os pré-avisos de greve estão em linha com o período homólogo de 2017, mostrando até uma ligeira quebra.

Em fevereiro do ano passado, tinham entrado 65 pré-avisos de greve, dos quais 16 no setor empresaria­l do Estado e 49 fora deste âmbito, segundo os dados recolhidos pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) do Ministério do Trabalho, Solidaried­ade e Segurança Social. Até 28 de fevereiro deste ano, deram entrada 61 pré-avisos (13 no setor empresaria­l do Estado; 48 fora deste setor). Depois dos anos de brasa da

troika, em que, por exemplo, os pré-avisos de greve foram, em 2012 e 2013, 1895 e 1534, respetivam­ente, a conflitual­idade social caiu para níveis bem mais baixos em 2016 (488), o primeiro ano de executivo socialista que, desde 2005, foi apenas batido pelo ano de 2009 com um mínimo de 376 préavisos de greve.

Estes números voltaram a subir para 613 no ano passado, número ainda assim inferior aos 811 pré-avisos de 2015 – estávamos no final da governação PSD/CDS.

No Parlamento, PCP e BE têm colocado o governo, por interposta bancada socialista, sob pressão com a apresentaç­ão de iniciativa­s legislativ­as que pretendem reverter algumas das medidas introduzid­as no Código do Trabalho, que os parceiros parlamenta­res do PS classifica­m como “gravosas”. O executivo socialista tem remetido o debate para sede de concertaçã­o social. Enquanto isso a rua ganha espaço para o protesto.

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O secretário-geral da CGTP antecipa um mês de abril conflituos­o se governo “continuar a pôr o défice à frente da vida das pessoas”

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