O DESIGNER ALEMÃO QUE MOSTROU A IMPORTÂNCIA DE UMA COLHER PARA LEITE EM PÓ
Cinema. Sessões grátis de filmes para a pequenada para promover o IndieLisboa, já a partir de dia 7 no Intendente e em Campo de Ourique. Sessões para as famílias à procura de novos públicos
O IndieJúnior está a crescer mas não perde o sangue jovem, sobretudo porque para além do IndieLisboa já se tornou um festival por direito próprio – teve este ano edição (pouco mediatizada, diga-se de passagem) na cidade do Porto. O braço mais jovem do Indie terá também direito a um petisco antes do festival lisboeta que se inicia a 26 de abril.
Nos próximos dias 7 e 14, Lisboa vai receber um warm up da secção júnior com sessões especiais. Uma boa nova que mostra que os organizadores do festival querem sempre chegar a um público mais jovem. De todos os grandes festivais em Portugal, o IndieLisboa é aquele que terá uma responsabilidade formativa mais óbvia, sobretudo por não estar confinado à animação como outros festivais nem a questões de géneros e temáticas. Com um espírito de liberdade, cabe ao Indie zelar pela cinefilia de um público infantil e juvenil que possa ser guiado pelos pais para aventuras mais libertárias do que as propostas vindas de Hollywood.
Nesta edição de 2018, estes aquecimentos ganham também uma carga de cidadania, nem que seja pela primeira sessão, dia 7 no Intendente, no Largo Café Estúdio, matiné onde serão exibidas duas curtas para incentivar consciencialização dos mais novos sobre o flagelo da situação dos refugiados nos últimos anos. Serão exibidos a animação Bon Voyage, de Fabio Friedl, e Realidade Oculta, de Kim Brand, título repescado do festival este ano no Porto. Sessão que se destina sobretudo a um público na faixa dos 13 anos.
A animação Bon Voyage, que já data de 2012, estreou-se no Festival de Locarno e é a história de uma viagem de um grupo de refugiados africanos até à Europa. Uma epopeia que mete acidentes de viação, uma tentativa de resgate falhada da Cruz Vermelha no deserto, um encontro com uma baleia no oceano e tantas outras fatalidades. A maioria destes africanos que sonham em encontrar uma nova vida nunca chega a pisar solo europeu. O filme é uma pequena joia que também inclui um minuto de imagem real.
Quanto a Realidade Oculta, trata-se de um documentário de 15 minutos que testemunha o encontro de dois meninos europeus num campo de refugiados em Lesbos, na Grécia, local onde as suas mães trabalham como voluntárias. Ambos os filmes terão um debate sobre imigração e refugiados, seguindo-se uma festa de hip hop. Tudo isto começa às 17.00.
Uma semana depois, em Campo de Ourique, no centro cultural do bairro, este aquecimento do Indie oferece uma sessão de curtas-metragens. A sessão chama-se Um Petisco para os Olhos e está marcada para as 16.00. Convidam-se crianças com menos de 12 anos.
O Indie abre-se assim às famílias numa iniciativa que consegue promover o festival e a conquista de novos públicos. Espera-se que também haja em breve um warm up com sessões para adultos. Curiosamente, dia 14 acontece a já habitual festa de antecipação, neste caso no Centro Criativo do Beato, na Fábrica do Pão, das 21.30 às 02.00, com a presença do cantor da moda, Conan Osiris, e é completamente aberta ao público – uma festa sem convites, por 6 euros estamos todos convidados. Uma noite para celebrar certamente a vinda de Lucrecia Martel ao festival. A cineasta argentina mais consagrada trará ao festival em antestreia o seu novo filme, Zama.
Recorde-se que esta semana a organização divulgou a seleção das obras. Uma edição que tem alguns trunfos fortes mas que é uma das mais exigentes para os espectadores (talvez faltem títulos mais orelhudos e “fáceis” que sobrem de anteriores festivais internacionais). Impossível não deixar de destacar as apostas no cinema nacional, estranhando-se apenas a ausência de Cabaret Maxime, o novo de Bruno de Almeida ou, eventualmente, a estreia de António Pinhão Botelho (cineasta que tinha feito algumas curtas que prometiam mundos e fundos) com Ruth. Raiva, de Sérgio Tréfaut, terá honras de encerramento.