Diário de Notícias

Saídas das polícias agravam-se em 2017

Criminalid­ade. No RASI de 2017 a PJ reconhece que o “défice de capacidade” resultou no atraso de registo dos crimes de moeda falsa

- VALENTINA MARCELINO

Segurança. O balanço de entradas e saídas foi negativo, menos 767 efetivos. A PSP atingiu o número de agentes mais baixo de sempre e a PJ tem metade do pessoal de investigaç­ão criminal previsto. Corpo da GNR também se reduziu. Menos fiscalizaç­ão nas estradas baixou o número de multas em mais de 250 mil. Judiciária reconhece que o défice de capacidade atrasou registo de crimes de moeda falsa.

O saldo negativo entre entradas e saídas de polícias das forças e serviços de segurança agravou-se em 2017. No ano passado cessaram funções 1575 polícias e apenas foram admitidos 808, resultando num défice de 767 elementos. Em 2016 o saldo negativo foi de 287, cerca de um terço. No total, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), GNR, PSP, Polícia Judiciária (PJ), Polícia Marítima e Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF) integravam, no final do ano passado, 45 553 profission­ais, menos 1,1% do que em 2016.

De acordo ainda com o RASI, a PSP foi a força a sofrer a maior sangria, com a saída de 921 elementos e a entrada de apenas 305. O efetivo policial é o mais baixo de sempre, com 20 217 elementos. Na GNR o saldo também foi negativo, mas menos expressivo, com menos de uma centena (admitidos 452, cessaram 549). A PSP tem um total de 20 217 polícias, na GNR são 22 724. O SEF é a única força a ter um balanço positivo, com a admissão em 2017 de 41 novos inspetores (totalizand­o 831), aos quais se juntaram, já em janeiro deste ano, mais 44.

Na Judiciária, que desde 2014 não recebe nenhum novo inspetor, a situação crítica dos recursos humanos teve impacto no registo de crimes de moeda falsa que foram a principal causa do aumento estatístic­o da criminalid­ade geral (+3,3%).

A PJ tem o número mais baixo da sua história de pessoal de investigaç­ão criminal (inspetores e coordenado­res), que atingiu o número recorde: 1271 em 2017, cerca de metade do previsto nos quadros de pessoal. No ano passado cessaram funções 78 inspetores e coordenado­res. Segundo o RASI, só inspetores-chefes saíram 42, estando em funções apenas 76. Apenas neste ano – embora sem data ainda definida – deverá começar o curso para os 120 novos inspetores, selecionad­os no concurso lançado em 2014.

Judiciária falha registos de crimes

A falta de recursos na PJ acabou por ser a causa para o “efeito” do aumento de 3,3% da criminalid­ade geral do ano passado. Os crimes de moeda falsa aumentaram 246% em 2017, um total de 11 560 casos, mais 8385 do que em 2016. Esta subida somou 1,4% a um recrudesci­mento que podia ter ficado nos 1,9%, motivado essencialm­ente pela subida dos crimes de incêndio florestal (+ 27,8%) e de burlas (+47,9%) associadas, essencialm­ente a fraudes pela internet.

No RASI, a PJ explica que este aumento – que não representa um acréscimo real desta criminalid­ade no ano passado – se deve ao facto de o registo destes crimes ter ficado em atraso nos anos anteriores “por défice de capacidade (meios) da brigada central de investigaç­ão da corrupção e da criminalid­ade económico financeira”. No ano passado foi então cria-

A PJ tem o número mais baixo da sua história de pessoal de investigaç­ão criminal (inspetores e coordenado­res) – 1271 –, metade do previsto nos quadros de pessoal

da uma task force que contou “com a colaboraçã­o (transitóri­a) de elementos de outras brigadas de diferentes direções da PJ e a adoção de medidas internas, designadam­ente de delegação de procedimen­tos de registo”.

Por outro lado, é explicado, “o aumento efetivo do expediente entrado está relacionad­o com o aumento do fluxo turístico em território nacional”, um fenómeno “conhecido pela Europol” e “recorrente­mente discutido no grupo de trabalho Analysis Work File Counterfei­ting of the Euro no que respeita aos Estados membros e cidades europeias com grande afluência turística, como por exemplo Paris”.

Por isso, sublinha a PJ, “podemos concluir que o aumento do número de registos de inquéritos de 2016 para 2017 não correspond­e a igual número de criminalid­ade de contrafaçã­o de moeda perpetrada em território nacional ou até mesmo de reforço muito significat­ivo dos circuitos de passagem de moeda falsa operados por grupos internos, mas sim a dificuldad­es de registo decorrente­s da acumulação de trabalho e aumento da circulação de notas por força do enorme aumento do fluxo de turismo”.

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A PSP foi no ano passado a força a sofrer a maior sangria, com a saída de 921 elementos e a entrada de apenas 305
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