Diário de Notícias

Fiscalizaç­ão nas estradas baixou. Menos 257,7 mil multas registadas

SINISTRALI­DADE No ano passado registaram-se menos 20,6% de multas. Mas o número de acidentes, mortos e feridos aumentou

- RUTE COELHO

A presença das forças de segurança, sobretudo da GNR, nas estradas nacionais não foi tão forte em 2017 como no ano anterior, a avaliar pelos resultados mostrados pelo Relatório Anual de Segurança Interna (RASI). De acordo com os dados do Sistema de Informação de Gestão de Autos (SIGA), verificou-se uma diminuição de 257 725 multas (-20,6%) em relação a 2016, por infrações leves, graves e muito graves. Ou seja, enquanto em 2016 foram registados mais de um milhão de autos no sistema – 1 248 089 –, no ano passado foram menos de um milhão (990 364).

Em contrapart­ida, os acidentes aumentaram e o número de mortos e feridos graves também. O presidente da Prevenção Rodoviária (PRP) explica estes resultados quanto à diminuição dos autos de contraorde­nação com a “falta de meios” (ver entrevista) para fazer operações regulares nas estradas. A Guarda tem a maior área territoria­l do país, nomeadamen­te a supervisão nas estradas nacionais. Dentro da GNR, há quem também veja o cerne do problema na falta de meios. “A diminuição tremenda de efetivos nos postos territoria­is e na Unidade Nacional de Trânsito, onde muitos elementos têm saído para a reserva, ajuda a explicar a redução das fiscalizaç­ões”, explica César Nogueira, dirigente da maior associação profission­al da Guarda, a APG/GNR. “Por outro lado, já não há cursos de trânsito na Guarda há pelo menos uns quatro a cinco anos.”

O número de autos cobrados também foi inferior em 25% ao total de 2016, com 286 250 multas cobradas. Só o total de multas prescritas, 29931, aumentou (+94%). Mais 65 mortos do que em 2016 Em 2017 registaram-se mais 3082 acidentes rodoviário­s do que no ano anterior, no que representa uma subida de 2,3% (um total de 130 210 sinistros face aos 127 210 de 2016). Mais impression­ante ainda a subida de 14,3% no número de mortos (foram mais 65 face a ano anterior, num total de 510 vítimas mortais). E mais 13 feridos ligeiros do que em 2016, num total de 43 297. Registaram-se também mais 92 feridos graves do que em 2016 (+4%).

O Ministério da Administra­ção Interna (MAI) adiantou, em declaraçõe­s ao DN, que “os dados relativos à sinistrali­dade rodoviária mostram que esta é uma área prioritári­a de atuação”. E acrescento­u que o ministério “tem vindo a trabalhar na implementa­ção das medidas já anunciadas e reforça a necessidad­e de agir quer ao nível das medidas de sensibiliz­ação quer na identifica­ção dos segmentos que contribuír­am para o cresciment­o das vítimas mortais”.

A 12 de janeiro, perante os números provisório­s da sinistrali­dade, o ministro lembrou que se registaram mais acidentes mortais com motociclos do que ano anterior e que mais de metade das mortes em acidentes de viação ocorreram nas localidade­s com “um número significat­ivo de atropelame­ntos” entre estas.

Neste contexto, Eduardo Cabrita anunciou nesse dia que aprovou um pacote de medidas como a inspeção obrigatóri­a das motos com cilindrada superior a 250 cc, a redução dos limites de velocidade em algumas zonas para 30 km por hora e a deteção de psicotrópi­cos na condução entre outras.

O DN perguntou quando, em concreto, entrariam neste ano em vigor algumas destas medidas, mas o MAI não respondeu com datas específica­s.

“A diminuição tremenda do número de efetivos nos postos e na Unidade Nacional de Trânsito (...) ajuda a explicar a redução das fiscalizaç­ões” CÉSAR NOGUEIRA ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSION­AIS DA GUARDA

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