Diário de Notícias

“A prioridade são os fogos”

- JOSÉ MIGUEL TRIGOSO

O que está a falhar na estratégia de segurança rodoviária para termos estes indicadore­s tão negativos em 2017? Bem, quando olhamos para os dados que se vão conhecendo de 2017 acho que falhou quase tudo. Os números que saíram no RASI sobre o volume de fiscalizaç­ão feito pelas forças de segurança nas estradas foram muito mais baixos do que em relação ao ano anterior. Só podíamos ter duas razões para isto: uma, era ter havido uma alteração positiva do comportame­nto dos condutores nas estradas. Não me parece que tenha havido, porque isso não é compagináv­el com o aumento de acidentes. Outra, mais sustentáve­l, é que houve uma redução da intensidad­e da fiscalizaç­ão. Para agravar, o tratamento dos autos de contraorde­nação em relação a infrações graves e muito graves também piorou muito. Na perda de pontos, na inibição de conduzir, o número de casos tramitados baixou de forma drástica. Na sua opinião, o que explica a redução da fiscalizaç­ão? Têm faltado os meios para as polícias fazerem essa fiscalizaç­ão. Tive, enquanto presidente da PRP, uma reunião recente no Ministério da Administra­ção Interna, e o que noto é que, em termos políticos, todas as atenções estão focadas no combate aos incêndios florestais. Anunciou-se que irão mais 600 homens da GNR para a força da guarda de combate aos incêndios, o GIPS. Mas de onde os vão tirar? Se calhar, alguns sairão do Trânsito. Mas que medidas deviam ser impostas com urgência, nomeadamen­te para reduzir os acidentes dentro das localidade­s, por exemplo? Estão a tardar as medidas de economia e gestão do tráfego para reduzir a taxa de sinistrali­dade dentro das localidade­s, que é muito superior à média da União Europeia. Fora das localidade­s até temos das taxas mais baixas. Nas estradas nacionais tem de melhorar a fiscalizaç­ão. Na Suécia você nunca vê polícia na estrada, mas a multa chega a casa.

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