“A prioridade são os fogos”
O que está a falhar na estratégia de segurança rodoviária para termos estes indicadores tão negativos em 2017? Bem, quando olhamos para os dados que se vão conhecendo de 2017 acho que falhou quase tudo. Os números que saíram no RASI sobre o volume de fiscalização feito pelas forças de segurança nas estradas foram muito mais baixos do que em relação ao ano anterior. Só podíamos ter duas razões para isto: uma, era ter havido uma alteração positiva do comportamento dos condutores nas estradas. Não me parece que tenha havido, porque isso não é compaginável com o aumento de acidentes. Outra, mais sustentável, é que houve uma redução da intensidade da fiscalização. Para agravar, o tratamento dos autos de contraordenação em relação a infrações graves e muito graves também piorou muito. Na perda de pontos, na inibição de conduzir, o número de casos tramitados baixou de forma drástica. Na sua opinião, o que explica a redução da fiscalização? Têm faltado os meios para as polícias fazerem essa fiscalização. Tive, enquanto presidente da PRP, uma reunião recente no Ministério da Administração Interna, e o que noto é que, em termos políticos, todas as atenções estão focadas no combate aos incêndios florestais. Anunciou-se que irão mais 600 homens da GNR para a força da guarda de combate aos incêndios, o GIPS. Mas de onde os vão tirar? Se calhar, alguns sairão do Trânsito. Mas que medidas deviam ser impostas com urgência, nomeadamente para reduzir os acidentes dentro das localidades, por exemplo? Estão a tardar as medidas de economia e gestão do tráfego para reduzir a taxa de sinistralidade dentro das localidades, que é muito superior à média da União Europeia. Fora das localidades até temos das taxas mais baixas. Nas estradas nacionais tem de melhorar a fiscalização. Na Suécia você nunca vê polícia na estrada, mas a multa chega a casa.