Diário de Notícias

Tribunal iliba mulher do atirador de Orlando

Ataque a discoteca é o segundo massacre mais mortífero na história contemporâ­nea dos EUA, tendo provocado 49 mortos

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FLORIDA O júri do tribunal de Orlando, na Florida, ilibou ontem a viúva de Omar Mateen, o autor do massacre na discoteca Pulse, que fez 49 mortos em 2016, de qualquer envolvimen­to naquele ataque.

O júri considerou que Noor Salman, de 31 anos, não estava ao corrente dos planos do marido, nunca teve qualquer ligação ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e não criou qualquer obstáculo ao curso das investigaç­ões. Se tivesse sido considerad­a culpada, podia ser condenada a uma sentença de prisão perpétua. A decisão foi tomada após mais de 12 horas de deliberaçõ­es, que se iniciaram na quinta-feira.

Mateen, de 29 anos, entrou na Pulse, uma discoteca gay, na noite de 12 de junho de 2016, abrindo fogo de forma indiscrimi­nada, antes de ser morto no local numa troca de tiros com a polícia. Nesta data, o ataque de Orlando tornou-se o massacre mais mortífero nos Estados Unidos, referia ontem a Reuters. Foi superado, na noite de 1 de outubro de 2017, pelo ataque perpetrado por Stephen Paddock em LasVegas, quando abriu fogo sobre o público que assistia a um concerto de country music nas imediações do Hotel Mandalay, causando 58 mortos.

Na altura do ataque, Salman estava em casa com o filho do casal, então com 3 anos. A linha de defesa dos seus advogados foi a de que Salman é “uma mulher simples, que gosta de crianças” e desconheci­a as intenções do marido. A acusação procurou demonstrar que ela esteve em vários dos percursos realizados de automóvel pelo marido para identifica­r possíveis locais de ataque e que tinha conhecimen­to de ele ver vídeos de propaganda do EI. O facto de o FBI não ter gravado os interrogat­órios de Salman funcionou a favor da defesa.

A decisão do tribunal, se emocionou Salman e os seus próximos, não deixou de irritar os familiares das vítimas, com um dos sobreviven­tes a escrever no Twitter que a “justiça para os 49 não é ela que a define. Somos nós. A nossa luta continua para proteger outras comunidade­s de sentirem a dor que nós sentimos”. A.C.M.

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