UNITA elogia luta contra a corrupção de João Lourenço
Angola. Justiça confirmou acusações contra figuras como filho de José Eduardo dos Santos
A UNITA, o maior partido da oposição angolana, afirma que o país vive uma “segunda libertação”, com a “luta contra a corrupção” a ser agora “política oficial” do presidente da República, João Lourenço. A posição consta da declaração política enviada ontem à Lusa pelo partido, na sequência da reunião extraordinária realizada na quinta-feira, em Luanda, do Comité Permanente da Comissão Política desta força.
“A UNITA regozija-se pelo facto de verificar que a sua luta contra a corrupção tornou-se agora política oficial do titular do poder executivo. A UNITA constata que a sua mensagem sobre a corrupção, segundo a qual o Estado angolano se funda na corrupção, alimenta-se da corrupção e sobrevive na corrupção, lançou finalmente as sementes para a segunda libertação do país”, lê-se na mesma declaração.
O partido, liderado por Isaías Samakuva, refere acompanhar “com bastante interesse as mediáticas denúncias que nos últimos dias têm dominado a opinião pública, desta vez saídas de dentro das estruturas do próprio partido-Estado”, sobre alegados crimes de peculato, quadrilha, corrupção, organização criminosa, branqueamento de capitais e outros, imputados a servidores públicos, “a todos os níveis”.
“A dimensão moral e material desta endemia que se instalou na génese do partido-Estado e arruinou a estrutura da economia nacional está finalmente a ser compreendida pela grande maioria dos cidadãos. A UNITA espera que os angolanos compreendam que a única solução para a endemia da corrupção é a mudança. E mudança significa alternância de poder”, sublinha a mensagem.
Nesta semana, a Procuradoria-Geral da República confirmou que figuras como José Filomeno dos Santos, filho do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, eValter Filipe, anterior governador do Banco Nacional de Angola, foram constituídos arguidos, numa investigação à transferência ilegal de 500 milhões de dólares para o exterior do país. Num outro processo, e também nesta semana, a PGR confirmou que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general do Exército Sachipendo Nunda, e o porta-voz nacional do MPLA, Norberto Garcia, foram constituídos arguidos numa investigação à alegada tentativa de burla ao Estado angolano, no valor de 50 mil milhões dólares.
“A UNITA encoraja todos os cidadãos honestos a manterem uma atitude de coragem, denunciando todos os atos criminosos que delapidaram a nossa economia, agravaram a situação de penúria da maioria dos angolanos e ofenderam os nossos valores civilizacionais”, aponta ainda o partido do “galo negro”. Jornalista da Lusa