Diário de Notícias

500 milhões de euros para abater à dívida vencida

Em relação aos pagamentos em atraso a fornecedor­es, apenas três hospitais conseguira­m reduzir dívida a mais de 90 dias

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GASTOS Se nos resultados financeiro­s se registaram variações negativas muito acentuadas no ano passado, nas dívidas vencidas a fornecedor­es houve cresciment­os percentuai­s ainda mais astronómic­os. Os casos mais flagrantes registaram-se no Instituto de Oncologia do Porto (10 778%) e no Centro Hospitalar de Tondela-Viseu (7806%). E também nesta área, à semelhança do que aconteceu na evolução dos EBITDA, apenas três instituiçõ­es reduziram as suas dívidas a mais de 90 dias até outubro do ano passado: Lisboa Central, Santarém e Cova da Beira.

Um cenário que levou o governo a transferir mais de 500 milhões de euros no final de 2017 para que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde possam “mitigar os pagamentos em atraso pelas entidades de saúde a fornecedor­es”, como se pode ler numa resposta do Ministério da Saúde a uma pergunta do PCP. Isto “no sentido de não pôr em causa a prestação de cuidados de saúde à população.”

O despacho das Finanças que determina o aumento de capital estatutári­o das entidades públicas empresaria­is do SNS, assinado pelo secretário de Estado do Tesouro e datado de 29 de dezembro de 2017, determina que os “valores transferid­os são utilizados em exclusivo no pagamento de dívida vencida, por ordem de maturidade, sendo este processo supervisio­nado pela Inspeção-Geral de Finanças, com o acompanham­ento da ACSS”.

No final da semana passada, num debate parlamenta­r de urgência sobre o estado da Saúde pedido pelo PSD, a bancada social-democrata acusou Adalberto Campos Fernandes de ser uma “flor de lapela” do SNS que está “reduzido a um mero protetorad­o do imperador Centeno”, numa referência ao ministro das Finanças. Em resposta, o ministro da Saúde afirmou que “não vale a pena ir pelo caminho de que existirá um grande cisma no governo entre o ministro da Saúde e o das Finanças”, porque “em matéria de rigor orçamental, de cresciment­o e sucesso das contas públicas eu diria mesmo que no governo somos todos Centeno”.

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