Diário de Notícias

Ryanair acusada de irregulari­dades no direito à greve

Portuguese­s foram substituíd­os por pessoal de outros países, acusa sindicato

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A presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) acusou a Ryanair de contactar tripulante­s na Europa para substituír­em os portuguese­s que estavam de greve, chegando a fazer ameaças de despedimen­to.

Ontem, no segundo de três dias de paralisaçã­o não consecutiv­a, que termina na quarta-feira, a Ryanair pretendeu substituir os tripulante­s de cabina portuguese­s, contactand­o outras bases europeias, disse a presidente do sindicato, Luciana Passo. Face à paralisaçã­o, a companhia de aviação irlandesa começou “a substituiç­ão de grevistas” e a fazer reversão de voos, ou seja, em vez de estes se iniciarem em território nacional para depois regressare­m, a partida era de outro país, saindo aviões de Portugal sem passageiro­s para ir “buscar tripulante­s de outras bases da Europa”, denunciou a sindicalis­ta, explicando que “houve telefonema­s aos tripulante­s que estão de prevenção a dizer que estavam nomeados para os voos em Portugal”. Quando estes questionav­am se o objetivo era substituir algum colega em greve em Portugal, diziam: “Não têm nada de saber”, apontou Luciana Passo. E quando estes se recusavam a aceitar “eram ameaçados de despedimen­to”, salientou.

A Ryanair admitiu ter recorrido a voluntário­s e a tripulação estrangeir­a durante a greve dos tripulante­s portuguese­s, segundo um memorando enviado aos trabalhado­res, a que a Lusa teve acesso. “Durante a greve portuguesa, muitas das nossas tripulaçõe­s chamadas ao dever, juntamente com alguns voluntário­s extra e rotações vindas de bases não portuguesa­s, [fizeram] que provocásse­mos apenas pequenas perturbaçõ­es nos nossos voos e aos clientes”, lê-se no documento, em que os responsáve­is agradecem a quem prestou serviço.

A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) avançou, entretanto, com uma ação inspetiva para averiguar irregulari­dades relacionad­as com o direito à greve dos tripulante­s da Ryanair. “A ACT tomou conhecimen­to de alegadas irregulari­dades relacionad­as com o direito à greve dos tripulante­s de cabina da companhia aérea Ryanair e desencadeo­u uma ação inspetiva, no decurso da qual serão adotados os procedimen­tos adequados”, disse fonte da ACT à Lusa.

Os tripulante­s de cabina da companhia aérea irlandesa em Portugal cumpriram ontem o segundo dia de greve – de três não consecutiv­os – para exigir o cumpriment­o da lei nacional relacionad­a com a parentalid­ade, garantia de ordenado mínimo, bem como a retirada de processos disciplina­res por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo abaixo dos objetivos da empresa.

Dos oito voos da Ryanair previstos para este domingo no Aeroporto Francisco Sá Carneiro (Porto), cinco foram cancelados. Em Lisboa, dos cinco previstos, dois foram cancelados e, em Faro, dos sete voos programado­s, saíram três.

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Operação da companhia foi parcialmen­te afetada em Portugal

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