Sérgio Conceição deixa críticas a videoárbitro, clima de suspeição e calendário das provas nacionais
Treinador dos dragões diz que “o futebol precisa de ser falado dentro das quatro linhas” e espera um clássico que “vai ser difícil”, nesta noite (20.00), frente ao Belenenses
FC PORTO O FC Porto vai ter nesta noite (20.00, Sport TV 1) uma deslocação complicada ao Estádio do Restelo, de onde saiu com a vitória em apenas uma das quatro vezes que visitou o Belenenses desde que o clube da cruz de Cristo regressou à I Liga, em 2013-14. “Historicamente é sempre difícil”, assumiu o treinador dos dragões, Sérgio Conceição.
“Ontem [anteontem] na RTP Memória estava a passar um jogo de 1998, salvo erro, onde eu estava presente como jogador e são sempre jogos muito complicados. Esta equipa do Silas, depois de uma fase menos boa, encontrou alguma estabilidade defensiva e penso que essa base permitiu amealhar alguns pontos importantes no campeonato. Estamos a lutar para manter um lugar que tem sido nosso desde a 5.ª jornada, que é o 1.º lugar”, afirmou o técnico portista, numa conferência de imprensa que ficou marcada por críticas ao videoárbitro, ao clima de suspeição em que o futebol português está mergulhado e ao calendário das competições.
Sobre o VAR, o antigo extremo internacional português disse que “muitas coisas têm corrido mal”. “O VAR tem de ser uma ajuda e não ser algo que complica. O árbitro por vezes toma decisões certas e às vezes o VAR vem complicar”, atirou, um dia após o videoárbitro ter estado em evidência nos jogos de Benfica e Sporting, embora tenha realçado que “tudo o que seja mais ferramentas para a verdade desportiva estar presente em cada jogo é bem-vindo”.
Acerca do clima de suspeição, Sérgio Conceição deu um murro na mesa. “O futebol precisa de ser falado dentro das quatro linhas, dentro daquilo que os jogadores fazem. Nós também cometemos erros. Eu até gosto que me critiquem por uma má opção, por uma substituição mal feita. Já estamos a entrar na melhor coisa que existe nesta indústria do futebol, que são os jogadores. Fico triste e desiludido, porque fui jogador durante 20 anos e sei qual é o sentimento que há no balneário”, atirou, fazendo alusão à situação do guarda-redes do Boavista, Vagner, alvo de uma queixa anónima no Ministério Público
Técnico portista lamenta jogar quase sempre depois dos rivais por alegadamente ter errado propositadamente no recente jogo frente ao FC Porto. “Alguém tem de fazer alguma coisa porque isto começa a ser insuportável”, apelou o técnico dos azuis e brancos.
Outro assunto que mereceu críticas do treinador de 43 anos foi o calendário apertado a que a sua equipa vai estar sujeita nas próximas semanas. “Estou a lembrar-me do segundo clássico [Benfica], e não estou a esquecer-me do primeiro, que é o clássico com o Belenenses. Mas, no clássico que vamos ter com o Benfica, passadas 72 horas estamos a jogar com o Sporting a meia-final da Taça. Poderia esse jogo com o Benfica ser no sábado? Poderia. Poderíamos jogar na quinta-feira? Poderíamos. É uma questão de bom senso, que as pessoas metam a mão na consciência, não só no que se passa à volta do futebol, que isto também faz parte, é importante, decisivo numa fase final da época”, atirou, lamentando o facto de “jogar quase sempre depois” dos adversários diretos. Alex Telles e Danilo regressam Entre a lista de 21 jogadores que Sérgio Conceição chamou para a deslocação a Lisboa, destaque para as presenças de Alex Telles e Danilo Pereira. O lateral brasileiro e o médio internacional português regressam às opções após períodos de lesão, embora a utilização ainda seja uma incógnita – e daí o lote alargado de eleitos para o jogo do Restelo.
Quem também fez a viagem com a comitiva portista foram os mexicanos Reyes e Herrera, tal como o argelino Brahimi, recuperados das queixas físicas que manifestaram nas concentrações das respetivas seleções. Só Corona e Marega ficaram no Porto e são, desde já, cartas fora do baralho. DAVID PEREIRA