Ryanair recorre de novo a tripulantes de fora de Portugal
Greve. Companhia garante que vai assegurar os voos previstos para hoje, último dia de greve
A Ryanair admite, se necessário, recorrer a tripulações de outras bases fora de Portugal para assegurar os voos previstos para hoje nas suas quatro ligações nacionais: Porto, Lisboa, Faro e Ponta Delgada. A companhia aérea, em posição oficial transmitida ao DN, diz que pretende operar o horário completo, mas admite perturbações e cancelamento devido à greve dos tripulantes de cabina que hoje termina.
“Esperamos operar o nosso horário completo, se necessário, com recurso a aeronaves e tripulação de cabina de outras bases fora de Portugal. Apesar de não esperarmos que muitos dos nossos elementos de tripulação de cabina adiram a esta greve, não podemos descartar a possibilidade de perturbação na nossa operação, e iremos contactar todos os passageiros afetados na quarta-feira, por e-mail e sms”, lê-se no comentário da Ryanair.
A empresa baseada na Irlanda reage assim às acusações de ilegalidades no recrutamento de outros tripulantes para substituir os portugueses em greve, como tem denunciado o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), e que já mereceram a atenção da Autoridade para as Condições do Trabalho que adiantou estar a averiguar a situação. Segundo o sindicato, a Ryanair tem previstos para hoje 45 voos em Portugal.
A forma como a Ryanair vê a greve e o próprio SNPVAC é também abordada neste comentário oficial. “Fomos notificados da possibilidade de greve por alguns elementos de tripulação de cabina em Portugal na próxima quarta-feira [hoje], que foi organizada e convocada por elementos da tripulação de cabina da TAP, easyJet e SATA. Já entrámos em contacto por escrito com os tripulantes de cabina da Ryanair em Portugal solicitando-lhes que coloquem os nossos clientes em primeiro lugar e ignorem esta ameaça de greve”, diz a companhia de voos low-cost. Governo promete atuar No plano político, dois ministros do governo português alertaram ontem que a Ryanair tem de cumprir a legislação laboral portuguesa. “Estamos a acompanhar e a trabalhar com os agentes no terreno para que se possa dar uma resposta cabal de defesa daquilo que está em causa neste momento, que é o livre exercício do direito à greve”, declarouVieira da Silva, ministro do Trabalho, enquanto Augusto Santos Silva disse que a empresa “terá de se conformar com a legislação nacional, designadamente no que diz respeito às obrigações dos empresários, uma obrigação básica que todos nós compreendemos, que é a de não substituir trabalhadores em greve por outros trabalhadores”.
A Comissão Europeia escusou-se a comentar os problemas da greve da companhia aérea Ryanair, considerando que se trata de um assunto de âmbito nacional.
Hoje é o último de três dias intercalados de greve dos tripulantes de voo da Ryanair de Portugal. Em causa, o cumprimento de regras previstas na legislação nacional como a parentalidade, garantia de ordenado mínimo, bem como a retirada de processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo abaixo dos objetivos da empresa.