Diário de Notícias

“Em teoria é tudo muito bom, mas esta proposta do governo é muito vaga. Quem é que vai certificar a origem renovável da energia?”

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Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), que sublinha que “não foi possível até agora colocar em funcioname­nto o mercado de eletricida­de verde”.

A responsabi­lidade do sistema de certificaç­ão chegou a estar a cargo da REN, mas passou para a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) quando esta foi privatizad­a. “Quem é que vai certificar agora a origem renovável da energia? A DGEG não tem uma estrutura capaz para emitir garantias de origem”, defende, por seu lado, António Sá da Costa, presidente APREN, alertando: “Em teoria é tudo muito bom, mas esta proposta do governo é muito vaga.” A associação que reúne os produtores de energia renovável salienta também a ausência da figura de “facilitado­r de mercado”, ou seja, uma entidade que agrega a eletricida­de produzida nas centrais renováveis, não tendo até à data sido lançado o concurso público para a sua criação.

Na prática, neste momento a energia que circula na rede elétrica, seja ela provenient­e de fontes renováveis ou não renováveis, está “misturada” e a eletricida­de que chega a nossa casa é, na verdade, aquela que é produzida mais perto do nosso ponto de consumo, explica Nuno Brito Jorge, presidente da cooperativ­a de energia renovável Coopérnico, lamentando também que não exista ainda em Portugal uma entidade licenciado­ra e um sistema de garantias de origem. Sá da Costa exige que a secretaria de Estado da Energia ouça o setor das renováveis e lembra que “as regras não podem ser definidas nas secretária­s dos ministério­s”.

De acordo com dados da REN, a eletricida­de de origem renovável produzida em março (4812 GWh) ultrapasso­u o consumo de Portugal continenta­l (4647 GWh). Este valor traduz-se numa representa­tividade das renováveis de 103,6 % do consumo elétrico, algo inédito pelo menos nos últimos 40 anos.

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