Diário de Notícias

Luso-Brasileiro abre no domingo com amor de mãe

Trunfo de abertura do 21.º festival de Santa Maria da Feira é Benzinho

- RUI PEDRO TENDINHA

Um ano de pausa e eis o regresso de um dos mais amados festivais cinéfilos portuguese­s: o Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira, o certame que tem dado a Portugal o melhor e o mais estimulant­e cinema brasileiro. Uma cinematogr­afia que tem dialogado com o cinema português, quer no formato da curta quer no da longa. Na feira, ao longo de duas décadas, nasceram projetos, criaram-se alianças, foram revelados nomes e surgiram pontes que aproximara­m o cinema brasileiro ao português.

Neste ano, a invasão de brasileiro­s é mais literal. A competição de longas não tem cinema português – um statement da direção do festival (e em parte para não retirar o estatuto de estreia a muitos dos títulos que vão estar no Indie). A partir de domingo, vai ser bom e bonito estar em modo de comunidade cinéfila na cidade das fogaças: o ambiente do festival é de tal forma acolhedor que as noites nos bares e nos restaurant­es duram até de manhã em tertúlias entre jornalista­s, artistas e locais.

O 21.º Luso-Brasileiro arranca com um dos filmes brasileiro­s mais aclamados internacio­nalmente nos últimos anos, o aguardado Benzinho, de Gustavo Pizzi. Um drama emocional que esteve no Festival Sundance, nos EUA, e que imediatame­nte ganhou uma dimensão comparável a obras como Que Horas Ela Volta (2015) e Tropa de Elite (2007). A história de uma mãe que tenta reinventar-se quando o filho adolescent­e escolhe prosseguir uma carreira de atleta na Europa. Uma obra sobre questões de género e de marca social neste Brasil pós-Dilma, que será projetada depois dos discursos de inauguraçã­o pelas 21.45 no auditório da Biblioteca Municipal.

Nesta edição, que volta a apostar em abril em vez do habitual mês de dezembro, outro dos destaques brasileiro­s passa pela antestreia em Portugal de Gabriel e a Montanha, de Felipe Bragança, sucesso no último Festival de Cannes. O filme terá honras de fecho no dia 15, na sessão de entrega de prémios, e serve como foco ao cineasta em questão.

Na secção Sangue Jovem, a feira aposta numa cineasta portuguesa, Salomé Lamas, um nome que circula entre o cinema e as artes performati­vas e que terá algumas das suas curtas em exibição no último dia. Antes, no sábado, 14, o cinema de Marco Martins estará em destaque num debate que reunirá alguns dos colaborado­res mais próximos do cineasta de São Jorge (2016).

Prevê-se um festival cujos trunfos mais fortes possam estar na competição das curtas, aí sim, com algum cinema português de grande qualidade, em que pontificam nomes como Tânia Diniz, João Salaviza ou Leonor Noivo. Só é pena este festival não ser o local da primeira exibição de Ruth (drama sobre Eusébio), de António Pinhão Botelho, um cineasta que prometeu muito nas curtas e que, agora, se estreia nas longas.

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Benzinho, de Gustavo Pizzi, é o filme do momento no Brasil

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