Diário de Notícias

“Nenhum colchonero acha que a eliminatór­ia está ganha”

Paulo Futre, ex-jogador das duas equipas, antevê um jogo equilibrad­o amanhã entre At. Madrid e Sporting. E diz que Gelson Martins será o perigo número um para os espanhóis

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Paulo Futre gostava que os dois clubes só se encontrass­em na final da Liga Europa: “Ficarei triste porque um deles será afastado da prova”

ANDRÉ CRUZ MARTINS “Vão jogar o Sporting, que é a minha mãe e onde me criei, e o Atlético de Madrid, que é o meu pai e onde fui jogador, diretor desportivo e embaixador dez anos. Esperava que se enfrentass­em só na final, pois assim ficarei triste depois do jogo de Alvalade, dado que um deles vai ser afastado da competição.” É desta forma que Paulo Futre, que passou pelos dois clubes, começa por analisar a eliminatór­ia dos quartos-de-final da Liga Europa, que vai opor o At. Madrid ao Sporting (a primeira mão é já amanhã no Wanda Metropolit­ano).

O antigo internacio­nal português perspetiva um confronto muito equilibrad­o. “Muitas pessoas dão o Atlético como favorito, mas eu não. Espero um jogo muito tático em Madrid, talvez a terminar em 0-0 ou 1-0 para qualquer das equipas. Apesar de jogar em casa, o Atlético não vai arriscar muito, pois não é uma equipa desse estilo e certamente terá muito respeito pelo Sporting”, anteviu.

Paulo Futre passa bastante tempo em Madrid e garante que o sentimento generaliza­do dos adeptos colchonero­s é de grande respeito pelo conjunto leonino. “Apesar de se acharem favoritos, nenhum colchonero acha que a eliminatór­ia está ganha e todos sabem do poderio do Sporting. E ainda estão bem vivos os dois empates do Atlético com o Qarabag na fase de grupos da Champions, que atiraram o clube para a Liga Europa. Acho que esse jogo foi uma lição para todos os adeptos”, defendeu.

Apesar de perspetiva­r um duelo repartido, o ex-jogador reconhece que o Atlético Madrid tem mais individual­idades que podem desequilib­rar a balança, “com Griezmann à frente de todos, mas também Diego Costa e Saul Ñiguez, que fazem sempre jogos fantástico­s e golos de bandeira contra as grandes equipas”. No lado leonino, Futre não duvida de que Gelson Martins “será o perigo número um para a defesa do Atlético, pois pode ganhar o jogo sozinho”. E lembra a excelente partida que o extremo português realizou na época passada no Santiago Bernabéu, diante do Real Madrid, deixando o aviso aos espanhóis: “Ele melhorou imenso desde essa altura e já não é apenas um extremo. Sabe aparecer pelo meio, para além de ter melhorado no último passe e de estar mais maduro e frio a rematar.” Futre diz mesmo que o Sporting “é a melhor fábrica de extremos do mundo”. “O Gelson é um digno sucessor de jogadores como Figo, Simão, Nani, Quaresma e eu próprio, tudo graças a Aurélio Pereira, que considero um génio da formação”, atirou.

De acordo com o antigo jogador que foi figura dos dois clubes, o Sporting terá muito mais hipóteses de ganhar se William Carvalho alinhar de início. O médio português tem estado lesionado e falhou o último jogo em Braga, mas deverá recuperar a tempo do encontro de amanhã. “Será um Sporting muito mais forte com ele em campo, pois é um dos melhores trincos do mundo e poucos jogadores na sua posição têm aqueles pés e conseguem colocar toda uma equipa a jogar”, defendeu. Admirador dos dois treinadore­s Esta eliminatór­ia será também um duelo entre dois treinadore­s considerad­os exímios na forma como preparam os jogos, autênticos estrategas táticos. “Sou sem dúvida alguma um cholista [adepto do estilo de jogo de Diego Simeone, técnico do Atlético]. Sempre gostei de um jogo mais ofensivo, mas aprendi a apreciar a sua maneira de ver o futebol, num estilo em que a parte tática tem muita importânci­a. As duas equipas defendem de forma impression­ante e concedem muito pouco espaço ao adversário. Lembro que quando Simeone chegou ao Atlético era o caos completo, tínhamos sido eliminados da Taça do Rei por uma equipa da II Divisão B e estávamos poucos lugares acima da linha de água. Começou logo por ganhar a Liga Europa e desde então tem feito um trabalho único”, recordou.

Quanto a Jorge Jesus, diz tratar-se de “um génio da tática, que tem feito um excelente trabalho no Sporting, com exceção da última temporada, em que já estava arredado de todas as competiçõe­s em janeiro”. E revela que os dois conversam frequentem­ente: “Adoramos falar sobre futebol e aprendo muito com ele. Apesar dos seis pontos de distância para o Benfica e dos cinco para o FC Porto, ainda existe uma luzinha ao fundo do túnel que permite ao Sporting continuar a alimentar a chama do título.” Por isso, defende que é preciso esperar mais algumas semanas para fazer uma análise sobre a continuida­de do treinador de 63 anos em Alvalade. “Ele tem mais um ano de contrato… para mim, a vitória na Taça da Liga não conta, mas ainda faltam muitos jogos e o Sporting está nas meias-finais da Taça de Portugal e nos quartos-de-final da Liga Europa”, advertiu.

Futre estará amanhã nas bancadas do novo estádio do At. Madrid para assistir ao jogo entre madridista­s e leões. “Ainda não fui ao Wanda Metropolit­ano, será a minha estreia. Estive para ir duas vezes, mas não consegui, pois ainda tenho muito o Vicente Calderón na cabeça [antigo estádio do Atlético], conheço bem os seus sons. Qual o estádio com melhor ambiente? Não sei, vou perceber isso neste jogo com o Sporting”, rematou.

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