PSP quer clubes responsabilizados por infrações dos adeptos
MEDIDAS Superintendente Luís Simões apresentou estatísticas que mostram que o futebol é de longe a modalidade com mais casos de violência
A Polícia de Segurança Pública (PSP) defendeu ontem, através do superintendente Luís Simões, a corresponsabilização dos clubes de futebol nas infrações dos adeptos como meio para reduzir a violência no desporto. Durante a conferência na Assembleia da República, o dirigente referiu que “o problema não pode ser só resolvido pela dimensão policial” e apontou os grupos organizados de adeptos como os “principais responsáveis” por estes incidentes.
“Defendemos que deve haver uma corresponsabilização do clube para com as infrações dos adeptos. Esta medida seria aplicada pelo Ministério da Administração Interna e promoveria um maior controlo social por parte dos clubes e um maior autocontrolo dos adeptos por saberem que isto teria consequências para o clube”, sublinhou, sugerindo a interdição dos estádios como pena.
Luís Simões apresentou estatísticas que provam o peso do futebol em relação às outras modalidades e a tendência de crescimento dos episódios de violência. Em 2960 incidentes registados na época 2016-17, 2763 foram no futebol masculino, tendo estes casos ocorrido sobretudo em quatro competições: I Liga, Taça da Liga, Liga dos Campeões e Liga Europa. Desde o início da presente temporada até março de 2018 registaram-se 2578 ocorrências, com o futebol a contribuir com 2394 casos. Paralelamente, 97,6% dos incidentes foram verificados com adeptos de Benfica, Sporting, FC Porto, Sp. Braga,V. Guimarães, Boavista e Belenenses.
Também na conferência na AR, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) reconheceu ter capacidades limitadas para agir sobre os programas de comentário desportivo nas televisões. “A esfera de intervenção efetiva resume-se ao incitamento ao ódio e à violência. E é preciso fazer prova da intenção disso, o que quase nunca acontece. Há muitos casos de arquivamento relacionados com esta temática por não terem que ver com a prática de infração, cingem-se ao direito à opinião”, referiu João Pedro Figueiredo, vogal da ERC.