Diário de Notícias

Nova greve à vista na Ryanair e à escala europeia

Aviação. Se a companhia não cumprir a lei portuguesa, a tripulação pode voltar a parar

- SÓNIA SANTOS PEREIRA

O último dia de greve dos tripulante­s da Ryanair em Portugal ficou marcado pelo anúncio de uma possível nova paralisaçã­o e à escala europeia. Ontem, a low-cost irlandesa foi obrigada a cancelar oito voos (dados da própria companhia) e voltou a substituir os trabalhado­res em greve por profission­ais de outras bases. A paralisaçã­o, que se realizou em três dias não consecutiv­os, visava a aplicação da lei nacional aos trabalhado­res das bases da Ryanair em Portugal, nomeadamen­te no que respeita às baixas médicas e à parentalid­ade.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que convocou esta greve, admite a realização de uma greve à escala europeia. “Se a Ryanair não mudar essa atitude, a única alternativ­a que temos é trabalhar no sentido de pegar no exemplo português e replicá-lo numa greve à escala europeia”, disse ontem Fernando Gandra, presidente do SNPVAC, à margem de uma conferênci­a de imprensa realizada em Faro, onde se encontrava­m representa­ntes do sindicato homólogo de Itália.

A Associação Europeia dos Tripulante­s de Cabine condenou o recurso a voluntário­s e a tripulação estrangeir­a por parte da Ryanair durante a greve das bases portuguesa­s e congratulo­u-se pela adesão registada. O secretário-geral da EurECCA declarou o “apoio total” de todas as tripulaçõe­s europeias à iniciativa.

Já o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, lembrou que “numa situação de greve a substituiç­ão de trabalhado­res não pode acontecer quando fere o direito à greve”. Perante a Comissão da Segurança Social e Trabalho, Vieira da Silva disse: “Se houve alguma situação abusiva, vamos avaliar qual a razão e porque aconteceu”, mas que é necessário saber “em que condições foi realizada esta substituiç­ão”.

Já sobre eventuais obstáculos à atuação da Autoridade para as Condições do Trabalho no acompanham­ento da greve, Vieira da Silva garantiu que “não houve qualquer impediment­o”.

Fernando Gandra acusou a Ryanair de “prática de bullying e de assédio moral permanente” aos trabalhado­res. O presidente do SNPVAC disse que as pessoas que quiseram recusar-se a efetuar voos fora de base para cobrir a greve foram ameaçadas “com despedimen­tos, processos disciplina­res e violações graves dos seus contratos de trabalho”.

A Ryanair emitiu um comunicado em que afirmava que “a grande maioria dos tripulante­s de cabine em Portugal estão a trabalhar dentro da normalidad­e”. A companhia adiantou que “apenas oito de entre os primeiros voos do dia foram cancelados (de um total de 170 de/para Portugal)”. Com LUSA

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Segundo a companhia, ontem foram cancelados oito voos

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