Nova greve à vista na Ryanair e à escala europeia
Aviação. Se a companhia não cumprir a lei portuguesa, a tripulação pode voltar a parar
O último dia de greve dos tripulantes da Ryanair em Portugal ficou marcado pelo anúncio de uma possível nova paralisação e à escala europeia. Ontem, a low-cost irlandesa foi obrigada a cancelar oito voos (dados da própria companhia) e voltou a substituir os trabalhadores em greve por profissionais de outras bases. A paralisação, que se realizou em três dias não consecutivos, visava a aplicação da lei nacional aos trabalhadores das bases da Ryanair em Portugal, nomeadamente no que respeita às baixas médicas e à parentalidade.
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que convocou esta greve, admite a realização de uma greve à escala europeia. “Se a Ryanair não mudar essa atitude, a única alternativa que temos é trabalhar no sentido de pegar no exemplo português e replicá-lo numa greve à escala europeia”, disse ontem Fernando Gandra, presidente do SNPVAC, à margem de uma conferência de imprensa realizada em Faro, onde se encontravam representantes do sindicato homólogo de Itália.
A Associação Europeia dos Tripulantes de Cabine condenou o recurso a voluntários e a tripulação estrangeira por parte da Ryanair durante a greve das bases portuguesas e congratulou-se pela adesão registada. O secretário-geral da EurECCA declarou o “apoio total” de todas as tripulações europeias à iniciativa.
Já o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, lembrou que “numa situação de greve a substituição de trabalhadores não pode acontecer quando fere o direito à greve”. Perante a Comissão da Segurança Social e Trabalho, Vieira da Silva disse: “Se houve alguma situação abusiva, vamos avaliar qual a razão e porque aconteceu”, mas que é necessário saber “em que condições foi realizada esta substituição”.
Já sobre eventuais obstáculos à atuação da Autoridade para as Condições do Trabalho no acompanhamento da greve, Vieira da Silva garantiu que “não houve qualquer impedimento”.
Fernando Gandra acusou a Ryanair de “prática de bullying e de assédio moral permanente” aos trabalhadores. O presidente do SNPVAC disse que as pessoas que quiseram recusar-se a efetuar voos fora de base para cobrir a greve foram ameaçadas “com despedimentos, processos disciplinares e violações graves dos seus contratos de trabalho”.
A Ryanair emitiu um comunicado em que afirmava que “a grande maioria dos tripulantes de cabine em Portugal estão a trabalhar dentro da normalidade”. A companhia adiantou que “apenas oito de entre os primeiros voos do dia foram cancelados (de um total de 170 de/para Portugal)”. Com LUSA