Diário de Notícias

BdC acabou

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As épocas têm, dizem os fazedores de perfumes, um certo ou, dizem os filósofos, um – um não sei o quê que as define. Receio que a atual tenha isto: de repente, aparecem uns excessivos que arregiment­am multidões em assembleia­s gerais de clubes ou em eleições políticas, apesar de as suas bizarras palavras parecerem implorar para que não sejam escutadas. Para muitos, as palavras esquisitas dos excessivos é gritante. Mas a verdade é que muitos outros continuam fascinados com o autor de sucessivos estúpidos sobre política ou de loucos no Facebook sobre futebol. Diga-se, porém, que gente desvairada sempre houve e clientela para ela também. O que é próprio na nossa época é ela dispor de altifalant­es tão poderosos que ainda não conhecemos suficiente­mente o tamanho dos seus efeitos. É mau, porque os boquirroto­s chegam de repente e espalham-se longe. Mas – é a boa notícia do dia! – talvez seja bom porque a força dos e dos

acaba por iludir os excessivos e expõe as suas fraquezas. Bruno de Carvalho subiu e cimentou-se graças à sua agressivid­ade contra adversário­s internos e externos. Definir-se rudemente em relação ao “outro” faz aliados. É que andamos todos sempre à procura do “outro” para sabermos quem somos e se alguém nos ajuda a encontrá-lo, seguimo-lo. O problema é que esse método, propulsado pela eficácia das redes sociais, corta o demagogo do seu contacto com a realidade. E isso torna-se rapidament­e notório. Bruno de Carvalho tem insultado muito mais os seus adversário­s do que agora fez aos seus futebolist­as. Mas, pois é, estes Ruis Patrícios e Williams de Carvalhos são o coração, a razão e a causa que levaram os iludidos a perdoar o tom e a desrazão do presidente. O combate excessivo aos “outros” esquecia-se; já a beliscadur­a injusta aos futebolist­as foi sentida, mesmo pelos apoiantes do presidente, como um ataque ao seu próprio “eu” de sportingui­sta. As derrapagen­s de Bruno de Carvalho eram constantes e variadas, mas desculpada­s pelo Já esta derrapagem contra os seus futebolist­as agrediu algo que vai para lá da aragem dos tempos. E a ironia é esta: os holofotes do Facebook e do Twitter que têm iluminado a carreira de Bruno de Carvalho mostram-no agora com uma nitidez que o vão apagar num instante.

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