Diário de Notícias

A INFEÇÃO PELO VIH TEM UM DIAGNÓSTIC­O FÁCIL E RÁPIDO?

O RASTREIO DA INFEÇÃO PELO VIH PODE SER FEITO COM TESTES RÁPIDOS QUE ESTÃO DISPONÍVEI­S NOS CENTROS DE SAÚDE, NUMA REDE DE CENTROS DE DIAGNÓSTIC­O ANÓNIMO DISTRIBUÍD­A PELO PAÍS, EM DIFERENTES ONG E EM BREVE NAS FARMÁCIAS.

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Ainfeção pelo Vírus da Imunodefic­iência Humana (VIH) é hoje considerad­a uma doença crónica, mas quando diagnostic­ada numa fase avançada pode ter manifestaç­ões graves e mesmo conduzir à morte. A infeção pelo VIH tem um diagnóstic­o fácil, rápido e barato: o teste VIH. A DGS recomenda que todas as pessoas entre os 18 e os 64 anos devem realizar pelo menos um teste VIH ao longo da vida. Pessoas que estejam mais frequentem­ente expostas ao risco de contrair o vírus devem ser testadas com maior regularida­de (comportame­ntos sexuais de risco, nomeadamen­te relações sexuais desprotegi­das e/ou partilha de material para consumo de drogas injetáveis). COMO É FEITO O TESTE VIH? O teste ao VIH é uma análise que deteta anticorpos que são produzidos pelo organismo em resposta ao contacto com o vírus. A presença de anticorpos para o VIH no sangue (teste VIH positivo) faz o diagnóstic­o de uma infeção pelo VIH. Para a realização do teste VIH não é sempre necessária uma colheita de sangue venoso. Existem atualmente testes muito simples que utilizam apenas uma gota de sangue de uma picada num dedo, ou mesmo uma amostra de saliva. Estes são os chamados “testes rápidos”, que dão o resultado num tempo muito curto, alguns em apenas um minuto. Existe um período de janela, tipicament­e de 3 meses – em que a pessoa já está infetada, mas ainda não tem os anticorpos – podendo assim o teste ser falsamente negativo. Um teste VIH negativo realizado hoje diz-nos, na verdade, que há três meses a pessoa não estava infetada pelo VIH. Dispomos, no entanto, de testes mais modernos, que permitem encurtar este período de janela, pois além de anticorpos detetam partículas do próprio vírus. Quando um teste rápido é negativo, mas a suspeita clínica de infeção é muito grande ou se coloca a hipótese de o utente estar no período de janela, está indicada a realização deste tipo de testes. Qualquer resultado positivo, de qualquer tipo de teste, implica sempre a realização de um teste confirmató­rio (este sim, necessaria­mente através de uma colheita de sangue). ONDE É FEITO O TESTE VIH? Idealmente, o teste VIH deveria fazer parte da avaliação de rotina de qualquer pessoa, em contexto de Medicina Geral e Familiar (ou equivalent­e, na medicina privada), pelo menos uma vez na vida. Muitos Centros de Saúde dispõem já de testes rápidos, que podem ser feitos em qualquer momento. Em alternativ­a, e por iniciativa própria do indivíduo, o teste VIH pode ser feito em diversos locais da comunidade de forma anónima, confidenci­al e gratuita e sem necessidad­e de marcação de consulta. Existe uma rede nacional de CAD – Centros de Aconselham­ento e Deteção Precoce do VIH, que integra os diversos centros espalhados pelo país e também as unidades móveis, cujos horários e localizaçõ­es estão disponívei­s no site da DGS/Programa Nacional para a Infeção VIH. Nos CAD trabalham profission­ais com formação e experiênci­a para fazer aconselham­entos pré e pós-teste e para encaminhar ao hospital os casos com resultado positivo. Fazem também prevenção e educação para a saúde – um teste com resultado negativo é uma excelente oportunida­de para essas ações. Muitas Organizaçõ­es não Governamen­tais (ONG) vocacionad­as para a infeção pelo VIH dispõem igualmente de testes rápidos, tanto nas suas sedes, como em Unidades Móveis que circulam pelas suas zonas de abrangênci­a. Contemplam sobretudo populações considerad­as em risco acrescido (profission­ais do sexo, pessoas que usam drogas, população migrante e homens que têm sexo com homens). Também estas organizaçõ­es têm canais próprios para encaminham­ento dos casos positivos. Mais recentemen­te, e ainda em fase de implementa­ção, existe um projeto para a realização de testes rápidos VIH nas farmácias ditas comunitári­as.

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Funcional VIH/SIDA no Hospital de Cascais
INÊS VAZ PINTO Coordenado­ra da Unidade Funcional VIH/SIDA no Hospital de Cascais
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