Diário de Notícias

Programa de Estabilida­de que o governo se prepara para apresentar adia aumentos para a próxima legislatur­a

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O Programa de Estabilida­de, que o governo se prepara para apresentar na próxima semana, deverá adiar os aumentos salariais na função pública para 2020, ou seja, para a próxima legislatur­a. Esta foi a convicção com que os parceiros sociais saíram ontem da reunião da concertaçã­o social em que o ministro das Finanças lhes transmitiu as linhas gerais das perspetiva­s orçamentai­s do PE para o horizonte 2018-2022 – ainda que Mário Centeno não tenha confirmado nem desmentido esta leitura. À intenção do governo em manter os salários congelados por mais um ano, a CGTP promete responder com “um grande 1º de maio”.

“O governo acaba de anunciar que atualizaçõ­es de salários só para 2020”, precisou o líder da CGTP, no final da reunião da concertaçã­o social. Arménio Carlos precisou que esta foi a resposta que obteve do governo depois de ter questionad­o Mário Centeno sobre os aumentos salariais.

Para a CGTP esta é uma situação “inaceitáve­l”, uma vez que “não se pode confundir carreiras profission­ais com salários porque os salários quando aumentam é para todos” mas o mesmo não se passa quando se mexe apenas nas carreiras.

Arménio Carlos referia-se ao descongela­mento das progressõe­s remunerató­rias que começou a ser feita este ano e que terminará em 2019, recusando a ideia – que tem sido defendida pelo governo – de que a reposição das progressõe­s será o principal instrument­o de aumento de rendimento­s neste e no próximo ano.

Lucinda Dâmaso, presidente da UGT, também criticou o facto de não estar previsto que o PE acomode aumentos salariais para a função pública em 2019 e salientou que o Programa de Estabilida­de “tem de dar um sinal de esperança”. “A função pública esperava mais deste governo porque tem dado um grande contributo para que Portugal tenha chegado onde chegou”, referiu, sem descartar eventuais formas de luta: “Vamos ouvir os nossos sócios”, precisou.

Mário Centeno optou por não se vincular a datas e por não abrir o jogo sobre as soluções que o PE vai ter para a função pública. Aos jornalista­s, no final da reunião da concertaçã­o social, o ministro das Finanças lembrou que o descongela­mento salarial tem impacto nestes dois anos e admitiu que “há uma projeção de reforço muito substancia­l das componente­s de despesa que são essenciais ao bom funcioname­nto da administra­ção pública e valorizaçã­o das carreiras”, afirmando que “essa valorizaçã­o vai estar muito bem refletida no Orçamento do Estado” (para 2019).

Entre as informaçõe­s que transmitiu aos parceiros sociais está ainda a intenção de reduzir a dívida pública em 23 pontos percentuai­s nos próximos cinco anos.

As confederaç­ões patronais tomaram nota da melhoria dos indicadore­s económicos – Mário Centeno não detalhou números mas haverá uma revisão em alta das metas de défice para este ano e o próximo e do cresciment­o da economia –, mas salientara­m que esta performanc­e das finanças públicas e da economia tem de ter reflexo em medidas que mexam com a vida das empresas. Foi neste contexto que o presidente da Confederaç­ão do Comércio e Serviços de Portugal referiu a necessidad­e de o PE acomodar medidas de desagravam­ento fiscal que têm sido defendidas por esta confederaç­ão.

António Saraiva, da Confederaç­ão Empresaria­l de Portugal, sublinhou a necessidad­e de dar estabilida­de quer ao enquadrame­nto fiscal quer ao enquadrame­nto legislativ­o, e Francisco Calheiros, da Confederaç­ão do Turismo de Portugal, acentuou, por seu lado, que tendo em conta que o desemprego ainda tem espaço e necessita de diminuir, não é esta a altura para mexer na legislação laboral.

Os parceiros sociais voltam a reunir-se ainda este mês para continuare­m a discutir a proposta do governo de combate à precarieda­de.

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