Tréguas entre presidente e jogadores, mas tensão continua
Jesus conseguiu libertar os jogadores para os utilizar frente ao P. Ferreira, mas na reunião entre as duas partes nada foi esclarecido
Jorge Jesus vai poder utilizar todos os jogadores do plantel principal disponíveis para o jogo desta noite (20.15 horas, SportTV ) em Alvalade diante do Paços de Ferreira, a contar para a 29.ª jornada da Liga. No entanto, a tensão entre o presidente Bruno de Carvalho e os atletas está longe de estar resolvida, mas o DN sabe que ao longo da próxima semana, antes do jogo com o Atlético de Madrid, vão realizar-se mais reuniões para tentar esclarecer toda a situação.
Na prática, ontem houve uma espécie de tréguas por 24 horas para que o Sporting se possa apresentar com a sua melhor equipa diante dos pacenses, tendo para isso o líder leonino recuado na intenção, publicitada anteontem através de uma publicação no Facebook, de suspender todos os futebolistas que partilharam nas redes sociais o comunicado que elaboraram e em que repudiavam as críticas de Bruno de Carvalho a alguns jogadores, também no Facebook, após a derrota (0-2) em Madrid diante do Atlético, em jogo da Liga Europa.
Foi muito por influência do treinador Jorge Jesus que as notas de culpa acabaram por não ser entregues, embora, ao que o DN apurou, um grupo de sportinguistas externo aos órgãos sociais tenham procurado apelar ao bom senso de Bruno de Carvalho no sentido de resolver a situação. Fonte do clube de Alvalade confirmou ao DN que está colocada de parte a possibilidade de os processos disciplinares aos atletas terem sido simplesmente adiados para após o jogo com o Paços de Ferreira, mas foi adiantando que se houver reincidência este procedimento voltará a ser acionado.
Após uma sexta-feira de grande tensão, que culminou com várias conversas telefónicas entre treinador e presidente, seguiu-se um sábado não menos conturbado. Jorge Jesus passou a manhã a organizar uma reunião entre os jogadores e Bruno de Carvalho, em Alvalade, que acabou por se realizar ao início da tarde. O objetivo era simples: amenizar o conflito e levantar a suspensão dos futebolistas para a partida deste domingo. O técnico teve por isso de adiar a conferência de imprensa das 15.00 para as 18.00 horas.
Só que a conversa, bastante acalorada, foi rápida e correu bastante mal, não tendo por isso resultado qualquer solução para o problema, tendo o técnico, após o seu final, mandado todos os jogadores para o autocarro do clube para seguirem para a Academia de Alcochete, onde se realizou o único treino de preparação para o jogo com o Paços de Ferreira. Afinal, Jesus conseguiu o mais importante, ter os jogadores disponíveis para o jogo. No autocarro apenas não seguiram os jogadores que estão impedidos de defrontar os pacenses: William Carvalho, Bruno César, Daniel Podence e Rafael Leão devido a lesões, bem como Piccini, que vai cumprir castigo por ter sido expulso na jornada anterior em Braga. Todos eles seguiram nos seus automóveis para a Academia porque não iriam ser convocados. Fábio Coentrão também seguiu na sua viatura, mas por se encontrar em dúvida para o jogo devido a um problema físico que o obrigou a ser substituído na segunda parte do jogo em Madrid.
Coentrão e Jesus seguros Fábio Coentrão esteve, aliás, no centro de uma polémica devido a várias notícias que davam conta de que seria considerado por Bruno de Carvalho como um dos principais instigadores da revolta dos jogadores e que por isso estaria já de volta ao Real Madrid, clube que o emprestou.
Pois bem, isso não se verificou, embora o DN saiba que Bruno de Carvalho tenham tido uma discussão ao telefone no início da noite de sexta-feira, na qual o presidente lhe recordou que foi ele que se empenhou na sua vinda para o Sporting e que é graças a isso que está a relançar a carreira, tendo mesmo chegado a ameaçá-lo mandá-lo de imediato de volta para Madrid.
Em todo este processo conturbado em Alvalade, Jorge Jesus tem sido uma espécie de mediador entre os jogadores e o presidente, sem nunca deixar de expressar o seu apoio aos atletas, pelo que em nenhum momento, sabe o DN, o treinador colocou a hipótese de apresentar a demissão do seu cargo, como chegou a ser noticiado.
Jesus está determinado a cumprir o contrato com o Sporting até ao fim e encontra-se bastante empenhado em dar a volta à situação difícil em que a equipa se encontra, com o terceiro lugar no campeonato (em igualdade com o Sp. Braga), a desvantagem de dois golos diante do Atlético de Madrid na Liga Europa e ainda em chegar à final da Taça de Portugal, para a qual os leões têm de dar a volta a uma desvantagem de 0-1 frente ao
A reunião correu mal, mas Jorge Jesus conseguiu o que queria: o levantamento da suspensão aos seus jogadores
Fábio Coentrão e Bruno de Carvalho desentenderam-se e o presidente chegou a ameaçá-lo com regresso imediato ao Real Madrid
FC Porto, em jogo marcado para o dia 18 de abril, em Alvalade.
Rábula das notas de culpa O dia de ontem teve contudo um episódio insólito que causou surpresa e tensão nos jogadores, mas que depressa foi resolvido. Quando os jogadores que viajaram nos seus carros para Alcochete chegaram à Academia, foram surpreendidos com a entrega das respetivas notas de culpa, que estavam preparadas desde sexta-feira à noite.
Essa era a ordem dada por Bruno de Carvalho, que após a reunião com o plantel havia sido revogada. Contudo, a informação não foi transmitida a tempo aos funcionários que se encontravam em Alcochete. Piccini e Bruno César foram os primeiros a chegar e a receber o documento, tendo entrado de imediato em contacto com os companheiros que estavam ainda a caminho, no autocarro da equipa. A situação foi de imediato esclarecida e o foco de tensão debelado.
Pedido de apoio aos adeptos Na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Paços de Ferreira, Jorge Jesus não se quis alongar sobre o que foi discutido na reunião, alegando: “O que foi falado vai ficar no grupo”, realçando no entanto que “o importante foi o presidente ter dado a liberdade de convocar os jogadores” que entendesse.
O técnico negou que os jogadores se tenham recusado a treinar na sexta-feira. “Isso até seria impossível de acontecer comigo enquanto treinador. No dia seguinte ao jogo com o Atlético de Madrid, houve recuperação funcional com ginásio, banhos e massagens e estivemos a analisar o jogo de Madrid”, explicou.
A ideia mais importante expressa por Jorge Jesus foi o apelo que lançou aos adeptos para o jogo com o Paços de Ferreira. “Espero que os adeptos apareçam em grande número e que nos ajudem a ganhar um jogo difícil, pois o mais importante é que não haja divisões.”
No que diz respeito à equipa, confirmou os problemas físicos de Fábio Coentrão, revelando que seria convocado se fosse dado como apto pelo departamento médico.