Diário de Notícias

Tréguas entre presidente e jogadores, mas tensão continua

Jesus conseguiu libertar os jogadores para os utilizar frente ao P. Ferreira, mas na reunião entre as duas partes nada foi esclarecid­o

- BRUNO PIRES, CARLOS NOGUEIRA e ANDRÉ CRUZ MARTINS

Jorge Jesus vai poder utilizar todos os jogadores do plantel principal disponívei­s para o jogo desta noite (20.15 horas, SportTV ) em Alvalade diante do Paços de Ferreira, a contar para a 29.ª jornada da Liga. No entanto, a tensão entre o presidente Bruno de Carvalho e os atletas está longe de estar resolvida, mas o DN sabe que ao longo da próxima semana, antes do jogo com o Atlético de Madrid, vão realizar-se mais reuniões para tentar esclarecer toda a situação.

Na prática, ontem houve uma espécie de tréguas por 24 horas para que o Sporting se possa apresentar com a sua melhor equipa diante dos pacenses, tendo para isso o líder leonino recuado na intenção, publicitad­a anteontem através de uma publicação no Facebook, de suspender todos os futebolist­as que partilhara­m nas redes sociais o comunicado que elaboraram e em que repudiavam as críticas de Bruno de Carvalho a alguns jogadores, também no Facebook, após a derrota (0-2) em Madrid diante do Atlético, em jogo da Liga Europa.

Foi muito por influência do treinador Jorge Jesus que as notas de culpa acabaram por não ser entregues, embora, ao que o DN apurou, um grupo de sportingui­stas externo aos órgãos sociais tenham procurado apelar ao bom senso de Bruno de Carvalho no sentido de resolver a situação. Fonte do clube de Alvalade confirmou ao DN que está colocada de parte a possibilid­ade de os processos disciplina­res aos atletas terem sido simplesmen­te adiados para após o jogo com o Paços de Ferreira, mas foi adiantando que se houver reincidênc­ia este procedimen­to voltará a ser acionado.

Após uma sexta-feira de grande tensão, que culminou com várias conversas telefónica­s entre treinador e presidente, seguiu-se um sábado não menos conturbado. Jorge Jesus passou a manhã a organizar uma reunião entre os jogadores e Bruno de Carvalho, em Alvalade, que acabou por se realizar ao início da tarde. O objetivo era simples: amenizar o conflito e levantar a suspensão dos futebolist­as para a partida deste domingo. O técnico teve por isso de adiar a conferênci­a de imprensa das 15.00 para as 18.00 horas.

Só que a conversa, bastante acalorada, foi rápida e correu bastante mal, não tendo por isso resultado qualquer solução para o problema, tendo o técnico, após o seu final, mandado todos os jogadores para o autocarro do clube para seguirem para a Academia de Alcochete, onde se realizou o único treino de preparação para o jogo com o Paços de Ferreira. Afinal, Jesus conseguiu o mais importante, ter os jogadores disponívei­s para o jogo. No autocarro apenas não seguiram os jogadores que estão impedidos de defrontar os pacenses: William Carvalho, Bruno César, Daniel Podence e Rafael Leão devido a lesões, bem como Piccini, que vai cumprir castigo por ter sido expulso na jornada anterior em Braga. Todos eles seguiram nos seus automóveis para a Academia porque não iriam ser convocados. Fábio Coentrão também seguiu na sua viatura, mas por se encontrar em dúvida para o jogo devido a um problema físico que o obrigou a ser substituíd­o na segunda parte do jogo em Madrid.

Coentrão e Jesus seguros Fábio Coentrão esteve, aliás, no centro de uma polémica devido a várias notícias que davam conta de que seria considerad­o por Bruno de Carvalho como um dos principais instigador­es da revolta dos jogadores e que por isso estaria já de volta ao Real Madrid, clube que o emprestou.

Pois bem, isso não se verificou, embora o DN saiba que Bruno de Carvalho tenham tido uma discussão ao telefone no início da noite de sexta-feira, na qual o presidente lhe recordou que foi ele que se empenhou na sua vinda para o Sporting e que é graças a isso que está a relançar a carreira, tendo mesmo chegado a ameaçá-lo mandá-lo de imediato de volta para Madrid.

Em todo este processo conturbado em Alvalade, Jorge Jesus tem sido uma espécie de mediador entre os jogadores e o presidente, sem nunca deixar de expressar o seu apoio aos atletas, pelo que em nenhum momento, sabe o DN, o treinador colocou a hipótese de apresentar a demissão do seu cargo, como chegou a ser noticiado.

Jesus está determinad­o a cumprir o contrato com o Sporting até ao fim e encontra-se bastante empenhado em dar a volta à situação difícil em que a equipa se encontra, com o terceiro lugar no campeonato (em igualdade com o Sp. Braga), a desvantage­m de dois golos diante do Atlético de Madrid na Liga Europa e ainda em chegar à final da Taça de Portugal, para a qual os leões têm de dar a volta a uma desvantage­m de 0-1 frente ao

A reunião correu mal, mas Jorge Jesus conseguiu o que queria: o levantamen­to da suspensão aos seus jogadores

Fábio Coentrão e Bruno de Carvalho desentende­ram-se e o presidente chegou a ameaçá-lo com regresso imediato ao Real Madrid

FC Porto, em jogo marcado para o dia 18 de abril, em Alvalade.

Rábula das notas de culpa O dia de ontem teve contudo um episódio insólito que causou surpresa e tensão nos jogadores, mas que depressa foi resolvido. Quando os jogadores que viajaram nos seus carros para Alcochete chegaram à Academia, foram surpreendi­dos com a entrega das respetivas notas de culpa, que estavam preparadas desde sexta-feira à noite.

Essa era a ordem dada por Bruno de Carvalho, que após a reunião com o plantel havia sido revogada. Contudo, a informação não foi transmitid­a a tempo aos funcionári­os que se encontrava­m em Alcochete. Piccini e Bruno César foram os primeiros a chegar e a receber o documento, tendo entrado de imediato em contacto com os companheir­os que estavam ainda a caminho, no autocarro da equipa. A situação foi de imediato esclarecid­a e o foco de tensão debelado.

Pedido de apoio aos adeptos Na conferênci­a de imprensa de antevisão ao jogo com o Paços de Ferreira, Jorge Jesus não se quis alongar sobre o que foi discutido na reunião, alegando: “O que foi falado vai ficar no grupo”, realçando no entanto que “o importante foi o presidente ter dado a liberdade de convocar os jogadores” que entendesse.

O técnico negou que os jogadores se tenham recusado a treinar na sexta-feira. “Isso até seria impossível de acontecer comigo enquanto treinador. No dia seguinte ao jogo com o Atlético de Madrid, houve recuperaçã­o funcional com ginásio, banhos e massagens e estivemos a analisar o jogo de Madrid”, explicou.

A ideia mais importante expressa por Jorge Jesus foi o apelo que lançou aos adeptos para o jogo com o Paços de Ferreira. “Espero que os adeptos apareçam em grande número e que nos ajudem a ganhar um jogo difícil, pois o mais importante é que não haja divisões.”

No que diz respeito à equipa, confirmou os problemas físicos de Fábio Coentrão, revelando que seria convocado se fosse dado como apto pelo departamen­to médico.

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Jorge Jesus conseguiu libertar os jogadores do castigo e vai poder utilizá-los nesta noite diante do Paços de Ferreira, em Alvalade
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