Maduro condena “perseguição judicial” do ex-líder brasileiro
Presidente venezuelano, solidário com Lula, denuncia campanha para impedir que este ganhe as presidenciais de outubro
Vários presidentes e ex-presidentes da América Latina apoiaram Lula. Em Portugal, Marcelo não comenta o que se passa no Brasil
O presidente da Venezuela condenou na sexta-feira à noite (madrugada de sábado em Lisboa) o que diz ser uma “perseguição judicial” contra o ex-presidente do Brasil, com quem se solidarizou pela condenação a 12 anos de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais.
“Quero manifestar uma posição pública e expressar a consternação e dor do povo da Venezuela pela perseguição contra o ex-presidente Lula da Silva. É uma canalhice vexatória o que estão a fazer”, disse Nicolás Maduro, que falava no estado de Vargas, a norte de Caracas, na reinauguração da pediatria do Hospital Rafael Medina Jiménez, que foi transmitida pela televisão estatal venezuelana.
Segundo o chefe do Estado, que quer ser reeleito nas eleições venezuelanas de dia 22, o ex-presidente do Brasil é “um homem honesto, que vem de fábricas e tem sido um símbolo mundial de superação”. É também, disse, um reconhecido “líder democrático” e um homem “comprometido com o povo”. O presidente da Venezuela considerou que “não existem provas”, mas que ainda assim Lula da Silva foi condenado a 12 anos de prisão. “O que acontece no Brasil é um golpe de Estado. Primeiro derrubaram a presidente constitucional Dilma Rousseff, com um golpe parlamentar, e agora querem pôr Lula da Silva na cadeia, porque está a liderar as sondagens e se for candidato [em outubro] com certeza o povo do Brasil fará dele presidente novamente”, frisou Nicolás Maduro.
Esta não é primeira vez que o líder venezuelano manifesta apoio a Lula nos últimos dias. Fê-lo logo quando se soube da ordem prisão do juiz Sergio Moro. Também os presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Nicarágua, Daniel Ortega, e o Ministério das Relações Exteriores fizeram saber que enviaram saudações ao petista. O mesmo fizeram os antigos presidentes da Argentina Cristina Kirchner, do Equador Rafael Correa e do Paraguai Fernando Lugo. Todos eles são membros do Foro de São Paulo, organização formada a partir de um seminário organizado pelo PT de Lula da Silva em 1990.
Em Portugal o presidente Marcelo Rebelo de Sousa voltou ontem a reafirmar que não pode tecer comentários sobre o que se está a passar no Brasil. “O presidente da República não se pronuncia sobre o que se passa na casa dos outros países, neste caso um irmão, irmão na CPLP, na história, no presente e para o futuro, e assim como nós não gostamos que os outros se intrometam na nossa vida, nós respeitamos, acompanhamos mas não intervimos”, disse, na Maia, citado pela agência Lusa.