Diário de Notícias

Atropelame­nto em massa na Alemanha é ataque de “perturbado”

Não são conhecidas ligações ao terrorismo do condutor, que se suicidou após o incidente. O país é alvo de ataques desde 2016

- CÉSAR AVÓ

A imprensa alemã avança que o atacante, um alemão de 49 anos, terá um longo historial de problemas psiquiátri­cos

As autoridade­s reagiram com prudência ao ato que ontem horrorizou a Alemanha, quando um homem conduziu uma carrinha contra um grupo de pessoas que estavam a aproveitar a tarde de sol na esplanada de um restaurant­e no centro da cidade de Münster. O ataque causou três mortos e 20 feridos, dos quais seis em estado grave. “É demasiado cedo para falar num ataque”, disse Andreas Bode, o porta-voz da polícia daquela cidade do Oeste do país.

Na sequência do acontecime­nto, o indivíduo suicidou-se com uma arma de fogo. Na carrinha, a polícia encontrou uma caixa com fios, mas não deu mais indicações sobre o objeto.

Segundo o jornal Süddeutsch­e Zeitung, o atacante é um cidadão germânico, Jens R., de 49 anos, que vivia a dois quilómetro­s do local do crime. Adianta também que o homem tinha um historial de problemas psiquiátri­cos. “Não há de momento qualquer indicação de passado islamita”, informou o ministro do Interior do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Herbert Reul.

Ainda assim as autoridade­s holandesas montaram uma operação de controlo na fronteira com a Alemanha. “Não devemos exagerar, mas Münster está muito perto do Leste dos Países Baixos”, disse um porta-voz da polícia.

As reações ao ocorrido não se fizeram esperar. A chanceler Angela Merkel disse sentir-se “profundame­nte abalada” e garantiu que as autoridade­s tudo iriam fazer para esclarecer o incidente, bem como prestar apoio às vítimas e seus familiares.

“Nós choramos com Münster. Os meus pensamento­s estão com as vítimas e seus parentes”, escreveu no Twitter o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Alvo recente do terrorismo Se a origem dos factos ainda estava por estabelece­r, o facto é que as autoridade­s têm estado alerta, uma vez que a Alemanha passou a ser alvo de ataques no último ano e meio. O mais grave de todos matou 12 pessoas em dezembro de 2016 num tradiciona­l mercado de Natal em Berlim. O seu autor, o tunisino Anis Amri, foi morto dias depois perto de Milão. O atentado foi reivindica­do pelo Estado Islâmico.

Além do ataque na capital alemã, o Estado reclamou em 2016 um assassínio em Hamburgo, um ataque à bomba em Ansbach, (Sul), que fez 15 feridos e matou o perpetrado­r, e um ataque à machadada num comboio na Baviera, que resultou em cinco feridos.

Em julho do ano passado, um requerente de asilo prestes a ser expulso matou uma pessoa à facada num supermerca­do e feriu outras seis. Segundo as autoridade­s, o ato foi motivado pelo islão radical. E no final de outubro, a polícia alemã prendeu um sírio de 19 anos suspeito de planear um “grave ataque à bomba”.

Movimentos islâmicos extremista­s registaram um cresciment­o no país nos últimos dois anos. Esse cresciment­o deu-se a par da entrada de centenas de milhares de refugiados e migrantes, em 2015 e 2016. A chanceler Angela Merkel foi alvo de duras críticas, inclusive no seu partido, pela política de porta aberta.

Muitos destes atos foram cometidos por requerente­s de asilo. Segundo relatórios dos serviços de informaçõe­s alemães, existem cerca de dez mil islamitas radicais no país, dos quais 1600 suspeitos de serem violentos. A Alemanha é um alvo para grupos jihadistas por causa do seu envolvimen­to na coligação contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria e na intervençã­o iniciada em 2001 no Afeganistã­o.

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Polícia fez um perímetro de segurança do centro histórico de Münster, onde o atacante vivia

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