Diário de Notícias

Jornalista é a 29.º vítima mortal na Faixa de Gaza

Resposta do exército israelita a semana de protestos questionad­a pela União Europeia. Há ainda três centenas de feridos

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CONFLITO “Nada aqui faz sentido: uma viagem ao longo das vedações e do arame farpado que sufocam a Faixa” era o título em destaque ontem no Haaretz, sobre uma reportagem na fronteira entre Gaza e Israel. As manifestaç­ões dos palestinia­nos, iniciadas no fim de semana passado com a Grande Marcha do Regresso, tiveram como consequênc­ia a reação do exército israelita, que causou 29 mortos e cerca de 300 feridos. Uma das últimas vítimas mortais é um repórter de imagem de 30 anos.

Yaser Murtaja, do Ain Media, foi o 29.º palestinia­no morto nos protestos. De nada valeu a Murtaja estar identifica­do com um colete com a identifica­ção de que era um jornalista. Na sexta-feira foi atingido com uma bala no abdómen, tendo morrido no hospital. Milhares de palestinia­nos assistiram ao funeral.

O fotógrafo freelance Ashraf Abu Amra disse à Reuters que estavam ambos a cerca de 250 metros da fronteira a filmar os jovens palestinia­nos a pegar fogo a pneus quando as forças israelitas abriram fogo. Uma rádio israelita alegou que Murtaja estava a operar um drone, informação desmentida por Amra e outros dois jornalista­s. Outros quatro jornalista­s foram feridos noutros locais, um deles com gravidade.

Em comunicado, o exército israelita disse que “não alveja intenciona­lmente jornalista­s” e que “as circunstân­cias em que os jornalista­s foram supostamen­te atingidos estão a ser investigad­as”.

Ontem, o secretário-geral dos Repórteres sem Fronteiras exigiu uma investigaç­ão independen­te ao caso. Já o porta-voz da responsáve­l pela diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, lamentou a morte de nove palestinia­nos na véspera através de “munições reais”. “Isto levanta sérias questões sobre o uso proporcion­al da força”, lê-se no comunicado, que também declara que o lançamento de pedras e bombas incendiári­as contra as posições do exército israelita e as tentativas de cruzar a vedação para Israel também precisam ser esclarecid­os.

Do lado israelita não há relatos de vítimas. C.A.

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