Alarmada com a perspetiva da criação de um território curdo no norte da Síria, a Turquia iniciou em fevereiro a operação Olive Branch
de uma presença americana em aberto para garantir a derrota do EI mas também para conter a influência iraniana na área.
A administração Trump parece assim decidida a abdicar de um papel direto no futuro da Síria, deixando terreno livre à Turquia, ao Irão e à Rússia.
Para já, e apesar dos propósitos de cooperação reiterados em Ancara, os principais intervenientes no conflito da Síria prosseguem agendas dificilmente conciliáveis.
Turcos, russos e iranianos continuam divididos quanto à própria figura de Bashar al-Assad. O Irão continua determinado em manter no poder Assad, garante da sua influência na síria. As milícias apoiadas pelo Irão ajudaram o exército sírio a conter o avanço dos rebeldes antes da intervenção russa em 2015. As relações entre Assad e a Rússia parecem mais complicadas. Moscovo insiste numa solução política que permita rapidamente pôr termo ao conflito, e que obrigaria Assad a compromissos a que o líder sírio continua a resistir. A Turquia diz que Assad perdeu a legitimidade, mas já não exige a sua partida imediata.
A situação no Noroeste da Síria mantém-se imprevisível. As forças de Assad, com o auxílio das milícias apoiadas pelo Irão e da aviação russa, estão a intensificar a pressão sobre Idlib, uma área em que a Turquia tem forte influência, e para onde parece estar a convergir parte das forças rebeldes desalojadas pelas ofensivas do exército sírio em Ghouta Oriental, Aleppo e noutros pontos do país. Um choque direto na área entre as forças apoiadas pela Turquia e o exército sírio poderia rapidamente assumir outras proporções.