Diário de Notícias

VENCE PAÇOS E SEGURA O TERCEIRO LUGAR

Adeptos estiveram com a equipa e viraram-se contra o presidente. Jesus taxativo: “São jogadores que fazem crescer os clubes”

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Bruno de Carvalho esteve no olho do furacão durante e após o jogo do Sporting com o Paços de Ferreira. Boa parte dos adeptos fizeram questão de se manifestar contra o presidente, com palavras de ordem como “Bruno, cabrão, pede a demissão”, às quais as claques respondera­m com assobios. Pois bem, essa frase provocou uma reação do líder leonino, que no final da partida fez questão de ir à sala de imprensa, onde durante cerca de 20 minutos, e com o treinador dos pacenses à espera, respondeu aos adeptos. “Todos temos o direito de demonstrar o nosso descontent­amento, mas não é admissível adjetivare­m-me. Chamarem-me nomes é ingratidão e parvoíce. Vão chamar nomes à família deles”, atirou.

Poucos minutos antes, Jorge Jesus, na flash interview, deixou alguns recados que, percebeu-se, seriam dirigidos ao presidente leonino. “O Sporting é um clube com história, e quem faz crescer os clubes são os jogadores”, começou por dizer, lembrando que na quinta-feira o Sporting jogou “contra uma grande equipa como é o Atlético de Madrid”. “Perdemos por 2-0, mas não jogámos com o Basileia! Estamos aqui a defender os interesses do Sporting, não do treinador nem de ninguém!”, sublinhou, revelando que nunca passou por uma situação como a que viveu nos últimos dias: “Eu é que estive sempre do lado dos jogadores.” E nesse sentido deixou claro que nunca pensou jogar com a equipa B: “Sabia que tinha de haver jogo com os melhores. Só com a polícia em campo é que não jogávamos.”

Questionad­o sobre os processos disciplina­res aos jogadores, que Bruno de Carvalho anunciou três horas antes do jogo através de um post no Facebook, Jorge Jesus atirou: “Não percebo.” Certo é que o presidente leonino na sala de imprensa confirmou esses processos e justificou que eles existem por uma razão simples: “Nunca abdicarei de ser presidente do Sporting... já abdiquei das suspensões.” “Ninguém dentro do Sporting me falta ao respeito”, disse, mas quando questionad­o se não sentia que tinha faltado ao respeito aos jogadores quando lhes chamou publicamen­te meninos mimados, atirou: “Confundir meninos mimados com... ‘abrão’ são coisas que não têm que ver uma com a outra.”

Na publicação de Bruno de Carvalho no Facebook, poucas horas antes do jogo, revelou que mantém os processos disciplina­res aos jogadores devido a uma situação que apelidou de “grave”. Isto porque o presidente considera que o conteúdo das reuniões de sábado entre presidente e jogadores foram publicitad­as “em todos os jornais com vários factos deturpados, truncados ou simplesmen­te aldrabados”.

O líder leonino disse que o comunicado dos atletas nas respetivas contas de Instagram foi feito “ao arrepio de tudo o que estava combinado entre todos”, uma vez que alegadamen­te estaria marcada uma reunião entre jogadores e presidente após o jogo com o Paços de Ferreira.

O líder do clube deu também conta de que, numa primeira reunião realizada no sábado, ficaram claras a “total lealdade do treinador com o presidente e quem foram os grandes mentores de toda esta questão, de que fazem parte jogadores que há anos exigem sair do clube de todas as maneiras”.

Bruno de Carvalho esclareceu que a decisão de tornar esta situação pública tem o intuito de não permitir “uma nova situação como a que ficou conhecida no universo sportingui­sta como caso Marco Silva”, pois acredita que foi “por gerir esse assunto só dentro de casa que se permitiu a criação de um mito e que se deixou que uma pessoa alimentass­e uma guerra dos sportingui­stas contra o seu presidente”. Bruno vaiado apesar das dores Assim que saiu do túnel de acesso aos balneários rumo ao banco de suplentes, onde assistiu ao jogo, Bruno de Carvalho foi alvo de um coro de assobios, aos quais se seguiu o cântico a pedir a sua demissão, por grande parte dos presentes. Um filme que voltou a ser visto à entrada para a segunda parte. A exceção foi o topo sul, onde estão instaladas as claques, que optavam por visar os jogadores. “Joguem à bola”, foi o cântico de ordem, em resposta ao que se ouvia nas restantes bancadas.

Também através de cartazes e tarjas expostas na bancada, o público manifestou-se contra o presidente leonino. “Bye bye BdC”, “Bruno, votei em ti mas... rua” e “A nossa paciência tem limites”, foram alguns dos escritos à vista de todos em Alvalade, fora da zona das claques. Nas bancadas centrais e no topo norte, os aplausos aos jogadores foram uma constante: na entrada para o aqueciment­o, para a primeira e segunda partes, nas saídas para o balneário, sempre que uma jogada cativava os adeptos ou até mesmo quando as coisas não corriam bem aos futebolist­as.

Por outro lado, a Juventude Leonina também por essa via deixou o seu recado, mas visando os atletas: “Jogadores: amar e sentir o clube. Tudo o que vocês não sentem.”

Após o apito final do árbitro, os jogadores, treinador e todo o staff que estava no banco de suplentes dirigiu-se para o centro do relvado para agradecer ao público... a exceção foi Bruno de Carvalho, que ficou sentado no banco, apresentan­do queixas de dores nas costas, tendo sido inclusive auxiliado por um segurança e um funcionári­o do clube até ao interior do estádio, ao mesmo tempo que era vaiado.

Na volta ao relvado, os jogadores agradecera­m o apoio, ouvido cânticos de apoio e muitos aplausos, com Jorge Jesus a acenar com emoção para as bancadas, que retribuíam com mais aplausos. Antes do apito para o início do jogo foi visível a emoção do técnico no momento em que tocava o hino não oficial do Sporting... provavelme­nte um sinal da semana difícil que viveu.

Bruno de Carvalho confirmou, mais uma vez via Facebook, processos disciplina­res aos jogadores duas horas antes do jogo com o Paços de Ferreira Jesus disse não perceber os processos e deixou um aviso ao presidente: “Quem faz crescer os clubes são os jogadores”

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