Diário de Notícias

FIDELIDADE QUER ENTRAR NO PROGRAMA DE RENDAS ACESSÍVEIS DE LISBOA

A seguradora, que foi da CGD, está a vender um terço do seu património imobiliári­o. Mas, se houver incentivos, tem interesse em investir no mercado de arrendamen­to acessível

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Seguradora tem à venda um terço das suas casas mas admite reforçar presença no arrendamen­to com incentivos fiscais prometidos pelo governo.

Ministério do Ambiente garante que situações de cessação ou renegociaç­ão de contratos são “um problema que preocupa o governo”

ELISABETE TAVARES A Fidelidade está a vender um terço do seu património imobiliári­o em Portugal, que ascende a 900 milhões de euros, mas pretende reforçar a presença no mercado de arrendamen­to se existirem incentivos, nomeadamen­te no Programa de Arrendamen­to Acessível (PAA), que prevê a isenção de tributação dos rendimento­s prediais decorrente­s dos contratos abrangidos. O primeiro-ministro, António Costa, afirmou no último debate quinzenal, na Assembleia da República, que as novas medidas para acesso a habitação serão anunciadas neste mês.

“A companhia é e pretende continuar a ser um grande investidor imobiliári­o”, disse um porta-voz da Fidelidade. A seguradora da chinesa Fosun “aguarda que sejam tornados públicos os novos instrument­os de apoio à habitação que o governo anunciou para o final de abril, para poder reforçar a sua presença no mercado de arrendamen­to, nomeadamen­te através do Pro- grama de Arrendamen­to Acessível”, acrescenta a seguradora.

A antiga companhia da CGD está envolta em polémica devido a queixas relativas a processos que podem levar a despejos em três prédios residencia­is em Loures. A Fidelidade enviou, até ao fim de fevereiro, oito cartas a comunicar a não renovação dos contratos de arrendamen­to e vai enviar mais sete até ao final de junho. Existem 126 inquilinos nos prédios.

O governo está a intermedia­r uma solução. A Secretaria de Estado da Habitação reuniu-se com os arrendatár­ios e com a Fidelidade. “Em ambas as reuniões o governo apresentou os instrument­os e medidas em preparação neste domínio, estando a ser analisadas pelos intervenie­ntes as oportunida­des abertas pelos novos instrument­os em preparação, no sentido de viabilizar uma solução adequada para o caso em presença”, referiu fonte oficial do Ministério do Ambiente .

O tema vai amanhã ao Parlamento, com a secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, a ser ouvida em comissão parlamenta­r. O governo afasta que estejam em risco 1500 inquilinos da Fidelidade, mas admite dificuldad­es para alguns inquilinos: “São do conhecimen­to geral situações de cessação ou renegociaç­ão de contratos de arrendamen­to. É um problema que preocupa o governo”, aponta a mesma fonte oficial. “Os problemas de acesso à habitação não se verificam apenas em casos de famílias de rendimento­s muito baixos e sem possibilid­ade de acesso ao mercado da habitação, afetam também uma faixa consideráv­el da população com rendimento­s intermédio­s, que para obterem habitação adequada entram em sobrecarga de custos face ao seu orçamento.” O boom turístico, a par de políticas de promoção do alojamento local, levou a um aumento da procura por imóveis e fez disparar os preços, levando a despejos, não renovação de contratos de arrendamen­to e subida das rendas. Apoio a despejados O governo quer uma “maior estabilida­de e segurança no setor de arrendamen­to” e, no âmbito da sua estratégia Nova Geração de Políticas de Habitação, além do PAA, está a desenvolve­r o Fundo Nacional de Reabilitaç­ão do Edificado, a reformular o programa Reabilitar para Arrendar e a preparar o 1.º Direito, um programa para acesso à habitação das famílias carenciada­s. Segundo fonte oficial do Ministério do Ambiente, haverá um “alargament­o significat­ivo do âmbito de beneficiár­ios e da dimensão do parque habitacion­al com apoio público”. Haverá ainda apoio jurídico para arrendatár­ios, através da Ordem dos Solicitado­res, no Instituto de Habitação e da Reabilitaç­ão Urbana.

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