Diário de Notícias

Tensão do governo com os professore­s preocupa pais e diretores

Perspetiva de greves, manifestaç­ões e insatisfaç­ão entre os professore­s marca pela negativa o regresso para a reta final do ano letivo

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PEDRO SOUSA TAVARES Diretores e pais estão preocupado­s com o impacto que o atual ambiente de incerteza em que vivem muitos professore­s tenha nos resultados no terceiro período de aulas, que hoje começa. À perspetiva de greves – que poderão incidir sobre as avaliações – e de manifestaç­ões soma-se o receio de que os professore­s tenham dificuldad­es em separar as preocupaçõ­es com a carreira das suas atividades profission­ais, numa fase decisiva do ano letivo.

“Os professore­s são seres humanos, são pessoas, e obviamente que quanto mais se criar um ambiente de alguma perplexida­de em torno da carreira, mais isso poderá afetar o exercício da sua atividade enquanto professore­s”, diz ao DN Jorge Ascensão, presidente da Confederaç­ão Nacional das Associaçõe­s de Pais.

Para o representa­nte dos encarregad­os de educação, é importante que Ministério da Educação e professore­s possam “chegar a um entendimen­to”, em particular sobre a polémica da contagem do tempo de serviço congelado ao longo dos últimos anos, de forma a evitar problemas. “Esperemos que isto não venha a afetar o terceiro período e particular­mente os exames, porque são momentos muito importante­s na vida dos jovens.”

Jorge Ascensão diz acreditar que os docentes “farão um esforço” para que as preocupaçõ­es pessoais não pesem nas aulas. Mas apela para que sindicatos e governo façam o mesmo. Aos primeiros pede que considerem que “há bens maiores que é preciso pôr em cima da mesa”. Mas acrescenta que “o governo também tem de perceber que a educação é uma prioridade. Há que encontrar um ponto de equilíbrio”, diz, referindo-se à questão dos anos de serviço a contabiliz­ar para efeitos de evolução nas carreiras.

Atualmente, as posições estão extremadas: os sindicatos reivindica­m a contagem de mais de nove anos e quatro meses de tempo de serviço e o governo oferece menos de três. E este impasse, além de uma quase certa manifestaç­ão nacional, já leva as organizaçõ­es a contemplar medidas mais drásticas, como greves nacionais ou específica­s, dirigidas ao período das avaliações (ver entrevista).

Essa perspetiva, assume Manuel António Pereira, da Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE), não é a ideal para um terceiro período “bastante curto” – as aulas terminam entre 6 e 22 de junho, dependendo do ano de escolarida­de –, em que” tradiciona­lmente” existe uma maior preocupaçã­o “com as provas de aferição e os exames nacionais”.

Ainda assim, diz, as escolas vão sabendo lidar com este tipo de protestos: “É sempre uma preocupaçã­o, mas, por tradição, sabemos que se não fizermos o exame amanhã vamos ter de o fazer noutro dia. Sabemos que há coisas que têm de ser feitas”, diz, lembrando que “esta instabilid­ade não é nova”.

Fenprof culpa governo Catarina, 16 anos, aluna do 11.º ano, frequenta a Explicolân­dia de Sacavém. Quer subir a média para entrar em Psicologia

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