Inquérito interno por causa de relatório
› O presidente da Câmara de Constância mandou ontem abrir um inquérito interno para apurar porque é que não foi informado sobre a existência de um relatório do Instituto Politécnico de Tomar, datado de abril de 2016, que recomendava o encerramento do centro escolar até se apurar a origem do problema. “É estranho não haver registo do relatório”, disse, quando até foram seguidas algumas recomendações do mesmo como a subida das chaminés e a limpeza dos coletores dos esgotos. “Identificava ainda dois valores acima dos limites.” por causa do processo de transferência da filha Aurora, que ontem começava aulas numa outra escola da região por motivo de mudança de residência dos pais.
No interior do Centro Escolar de Santa Margarida uma auxiliar deixou escapar que “houve uma reunião por causa do mau cheiro em 2016” mas os docentes e outros funcionários que ali se encontravam ontem recusaram falar ao DN por não estarem “autorizados” para o efeito.
Madalena, de 63 anos, cuja casa fica a poucos metros da escola, e que é avó de uma das alunas, adiantou ao DN que nos dias em que entrava no recinto para ir buscar a neta “cheirava mal dentro do estabelecimento”, um odor que lhe parecia ser “a gás”. “Mas já disseram que não é do gás. O certo é que desde 2016 que este problema se arrasta”, contou Madalena, recusando ser fotografada por não querer problemas. “A minha neta só há pouco tempo se queixou do mau cheiro. Mas sobre o assunto houve uma reunião na escola em 2016 e outra no passado sábado.” A pouco mais de quatro quilómetros do Centro Escolar Santa Margarida fica localizada a fábrica de pasta de celulose Caima, fundada na vila ribatejana na década de 60 do século passado, mas o odor característico libertado pela unidade industrial “não está relacionado com o mau cheiro na escola”, garantiu Sérgio Oliveira, que apenas se encontra à frente do executivo camarário desde outubro de 2017, tendo herdado um dossiê que veio da gestão da autarquia pela comunista Júlia Amorim (ver caixa).
Seguindo as recomendações de um relatório do Politécnico de Tomar, que o presidente da Câmara só veio a conhecer na passada sexta-feira “e apenas porque uma funcionária guardou uma cópia do mesmo” (ver caixa), foram feitas limpezas das condutas dos esgotos em finais de novembro e em dezembro do ano passado. “Mas dentro das condutas dos esgotos não vem o cheiro. Só cheira mesmo dentro das caixas das águas pluviais”, diz o autarca. O único relatório que o anterior executivo camarário deixou sobre o mau cheiro é do Instituto de Soldadura e Qualidade, de abril de 2016, o qual não levantava problemas de maior.