Falta de tripulações volta a deixar aviões da TAP parados
PSD e CDS-PP querem explicações de administradores e ministro no Parlamento
O cumprimento dos horários de descanso previstos no acordo de empresa e a não troca de folgas por parte dos pilotos da TAP Air Portugal voltou este fim de semana a provocar cancelamentos de várias ligações da companhia, tal como aconteceu nos dias que antecederam a Páscoa. Desde sábado até ao início da tarde de ontem mais de quatro dezenas de voos não foram efetuados deixando centenas de passageiros nos aeroportos ao mesmo tempo que a página de Facebook da empresa foi recebendo queixas de passageiros.
A empresa foi respondendo que lamentava a situação – tal como disse ao DN acrescentando que procurava minimizar os prejuízos dos passageiros – e nesses posts dava indicações de como essas pessoas poderiam reclamar. Já o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil recusou comentar esta situação.
Estes cancelamentos motivaram dois pedidos para esclarecimentos na Assembleia da República: o PSD quer ouvir a administração da TAP e o CDS-PP o ministro do Planeamento, que tutela os transportes. Em comum os dois partidos exigem explicações sobre a situação na empresa, referem, incumprimento dos serviços aéreos regulares para a Madeira e os Açores. Aliás, o governo regional madeirense já se pronunciou sobre esta situação. Segundo o vice-presidente do executivo, Pedro Calado, foi manifestado o “desagrado” pelos adiamentos que no caso da Madeira também envolvem a EasyJet e que são justificados com motivos operacionais.
Explicações a que não tiveram acesso muitos dos passageiros. Como Luis Morbey que no domingo ficou sem a ligação entre Milão (Itália) e Lisboa, situação que se repetiu ao início da manhã de ontem – disseram-lhe para estar no aeroporto pelas 6 horas –, tendo embarcado perto da hora de almoço. Ao DN explicou que ninguém da TAP esteve junto dos passageiros e que foi através do balcão geral do aeroporto que foi encaminhado para o hotel. “Esta situação não prestigia a TAP nem o país. Falei sempre com as autoridades do aeroporto. Quando cheguei ao hotel nem sabiam que ia para lá”, adiantou.
Razões de queixa também teve Acaz Fellegger, o assessor de imprensa do selecionador de futebol de Portugal entre 2003 e 2008, Luiz Felipe Scolari. Fellegger esteve, no domingo, três horas e meia no aeroporto de Lisboa a aguardar justificações para o facto de o voo para São Paulo ter sido adiado. Ao fim desse tempo não obteve uma explicação e acabou, tal como todas as pessoas que aguardavam o voo, a ser transportado para um hotel na Costa de Caparica (Almada). Ontem, ao início da tarde, os passageiros foram informados pelos responsáveis do hotel que uma parte iria seguir viagem ainda na noite desta segunda-feira e os restantes num voo desta manhã. “Chegámos ao hotel pelas 18.30 [de domingo] depois de três horas e meia com toda a gente a reclamar por informações, e deram-nos uma cesta com duas sanduíches, sumo e fruta. Nem tinham jantar”, contou Acaz Fellegger ao DN, explicando que estava em Lisboa vindo de Bilbao onde esteve presente num congresso sobre futebol.