Diário de Notícias

EDP ganha em bolsa 430 milhões de euros com interesse da Engie

A EDP ajudaria a gigante francesa a cumprir os objetivos estratégic­os. Analistas dizem que se houver avanços, a China irá reagir. EDP desmente negociaçõe­s

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RUI BARROSO A aposta da EDP nas energias renováveis tornou a maior cotada portuguesa um alvo das gigantes europeias. Nos últimos meses surgiram notícias de que a elétrica portuguesa estaria na mira dos espanhóis da Gas Natural e dos italianos da Enel. Ontem foi a vez da Engie, detida em 24% pelo Estado francês, ser apontada como uma das pretendent­es à compra da EDP.

Apesar de a empresa portuguesa ter negado negociaçõe­s com a gigante francesa, as ações agradecera­m. Ganharam 3,82%. E chegaram a valorizar 8,5%. Em apenas um dia, o valor de mercado da EDP aumentou 430 milhões, valendo agora 11,7 mil milhões de euros.

A televisão francesa BFM Business noticiou que existiram contactos entre a Engie e a EDP tendo em vista a aquisição da empresa portuguesa, citando fontes próximas do grupo de energia francês. A Engie não fez comentário­s, segundo a Reuters. Já a EDP disse que “não foram estabeleci­dos contactos nem ocorreram negociaçõe­s com vista a operações de consolidaç­ão”.

Apesar desta resposta, os analistas da consultora da Creditsigh­ts dizem, numa nota a investidor­es, que isso “pode ser lido nas entrelinha­s que não exclui nenhuma compra que mantenha a EDP uma entidade separada – como [as notícias sobre] a Endesa e a Enel”. No ano passado, a Reuters noticiou que a EDP e a Gas Natural estariam a estudar uma fusão entre as duas empresas. Foi ainda avançado na imprensa espanhola, no final de 2017, que a elétrica portuguesa poderia ser um alvo da italiana Enel. Isto numa altura em que as fusões e aquisições nas elétricas europeias têm aumentado, impulsiona­das pelos baixos custos de financiame­nto para operações deste tipo. China seria obstáculo Caso a Engie decida avançar para a compra da EDP, haverá um obstáculo ao negócio. Os analistas da Creditsigh­ts referem que, da informação que dispõem, a China Three Gorges (CTG) “não quer ser uma acionista minoritári­a de uma empresa maior ou ter uma maioria numa EDP detida por outra entidade”.

O Estado chinês reforçou a posição na elétrica liderada por António Mexia no ano passado, numa altura em que já surgiam rumores de que a EDP seria um alvo de grandes elétricas europeias. As entidades controlada­s pela China detêm já mais de 28% do capital da empresa presidida por António Mexia. A oposição de Pequim a uma eventual investida da Engie “poderia levar a CTG a opor-se ao negócio ou a lançar uma contraofer­ta”, segundo a Creditsigh­ts.

Apesar da possível oposição chinesa, a compra da EDP ajudaria a Engie a cumprir os seus objetivos estratégic­os: crescer nas renováveis e expandir-se na América Latina. “A EDP tem um portfólio maioritari­amente composto por fontes de energia renováveis, que é atrativo consideran­do que as energias renováveis são cada vez mais competitiv­as e preferidas”, refere a equipa de research do BiG ao DN/Dinheiro Vivo. Além das renováveis, o banco destaca “a presença geográfica da EDP em países como o Brasil e os EUA, onde a Engie também tem operações”.

Também a Creditsigh­ts considera que a EDP cairia que nem uma luva à estratégia da Engie. E que a empresa francesa tem capacidade financeira para avançar com uma compra que envolveria números elevados. “A Engie tem dimensão, ratings elevados e é forte financeira­mente”, dizem os analistas. E concluem: “Se há uma empresa do setor na Europa bem colocada para fazer uma grande aquisição, essa empresa é a Engie.” António Mexia negou negociaçõe­s com Engie

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