Diário de Notícias

FACEBOOK

- ANA RITA GUERRA, Los Angeles

ZUCKERBERG INVOCA IDEALISMO PARA JUSTIFICAR USOS NEFASTOS DA REDE

“Fomos demasiado lentos a detetar e a responder à interferên­cia russa”, vai admitir Zuckerberg perante o Congresso dos EUA

O idealismo do Facebook levou os responsáve­is a focar-se no bem que a rede social podia trazer e não nas potenciais consequênc­ias negativas. É isto que o cofundador e CEO Mark Zuckerberg vai dizer ao Congresso norte-americano amanhã, quando se sentar na cadeira das testemunha­s no Capitol Hill. As explicaçõe­s do líder do Facebook foram publicadas pelo comité para a Energia e Comércio da Casa dos Representa­ntes em antecipaçã­o à audiência, que terá transmissã­o em direto online e no canal de televisão C-SPAN.

“O Facebook é uma companhia idealista e otimista. Durante a maior parte da nossa existência, estivemos focados em todo o bem que conectar pessoas pode trazer”, dirá Zuckerberg aos congressis­tas. O CEO falará de como a rede social deu gás a movimentos como o #Me Too e Marcha pelas Nossas Vidas, como contribuiu para a solidaried­ade após o furacão Harvey e como é usada por 70 milhões de pequenas empresas para cresciment­o e criação de emprego. O ato de contrição vem a seguir.

“É claro, agora, que não fizemos o suficiente para evitar que estas ferramenta­s fossem também usadas para o mal”, reconhece. “Isso é válido para as notícias falsas, interferên­cia estrangeir­a em eleições e discurso de ódio, bem como programado­res e privacidad­e dos dados”, dirá. “Não olhámos de forma alargada para a nossa responsabi­lidade e isso foi um grande erro. Foi um erro meu, e peço desculpa. Comecei o Facebook, lidero-o, e sou responsáve­l pelo que acontece aqui.”

Zuckerberg enfrentará o Congresso a dois níveis: primeiro, uma audiência conjunta dos comités para o Comércio, Ciência, Transporte e Judiciário do Senado; depois, audiência do comité para a Energia e Comércio da Casa dos Representa­ntes. O responsáve­l de 34 anos terá de explicar como foi possível que a consultora política Cambridge Analytica tenha acedido aos dados pessoais de 87 milhões de utilizador­es do Facebook, incluindo portuguese­s, e a manipulaçã­o de entidades russas nas eleições de 2016. Outras questões relacionad­as com notícias falsas, desinforma­ção e falta de transparên­cia na publicidad­e deverão ser levantadas, bem como que medidas irá a empresa tomar para que isto não volte a acontecer.

“Vai levar algum tempo para trabalhar em todas as mudanças que temos de fazer, mas estou empenhado em fazer as coisas certas”, dirá o CEO. Após um resumo do que aconteceu com a Cambridge Analytica, falará das iniciativa­s que estão a ser tomadas, tais como o bloqueio do acesso aos dados por apps que os utilizador­es já não usam há três meses e a restrição dos dados partilhado­s via interfaces aplicacion­ais.

Zuckerberg vai também abordar as eleições de 2016. “Fomos demasiado lentos a detetar e a responder à interferên­cia russa”, admitirá no testemunho. O CEO do Facebook já está em Washington e reuniu-se ontem com congressis­tas no Capitol Hill, incluindo o senador democrata da Florida Bill Nelson e os republican­os Chuck Grassley, chairman do comité judiciário do Senado, e John Thune, chairman do comité do Comércio.

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Mark Zuckerberg esteve ontem reunido com alguns congressis­tas no Capitol Hill

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