Diário de Notícias

Não é segurament­e inoportuno lembrar, na pedida resposta, que o futuro dos ocidentais, na ordem global, também passa pelo Brasil

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voto em eleições, o reforço de extremismo­s políticos, as incertezas hoje em pauta decorrente­s do brexit e das eleições na França e na Alemanha, que, juntas, constituem o eixo ou viga mestra da União Europeia.

Esta enumeração, repetida por numerosos observador­es libertos de ideologias e nacionalid­ade, devem ser acompanhad­as pela observação da agitação social e política do Brasil, que pode inverter a pergunta, isto é, se o futuro do Brasil passa também pela Europa. Do que realmente se trata é da questão de saber, na desordem da arena em que por agora se tornou o globalismo, se nesta aparenteme­nte desanimado­ra visão dessa arena se pode e deve manter o projeto visionário do Brasil, Brasis, Brasília, a articulaçã­o delineada pela definição estrutural da CPLP, e finalmente conseguir uma governança deste globalismo não apenas agitado, mas semeado de ameaças visíveis e buracos negros dos poderes não identifica­dos, ou não legalizado­s, que procuram dominar a situação caótica.

O que mais resulta das contribuiç­ões recolhidas, no oportuno livro, é que “os países, que cultivam a língua portuguesa, devem, politicame­nte, estar atentos e vigilantes a proteger os seus nacionais e sua cultura estratific­ada”. O apelo tem atualidade, e, apoiando a validade e defesa do projeto, a contribuiç­ão mais importante e lúcida é a de o considerar uma contribuiç­ão a caminho de fazer parte da pacificaçã­o da arena internacio­nal, e da justa organizaçã­o global de que não é possível desistir salvo optando pelo desastre.

Talvez a pergunta deva ser alargada para incluir a questão de saber se o mundo de língua portuguesa pode, como um todo, contribuir para deter o agravament­o do outono ocidental, apoiando o ordenament­o pacífico e colaborant­e da arena global. Começando por eliminar as carências de funcioname­nto do seu projeto. Não falta nesta contribuiç­ão vinda do país ao qual o abade Correia da Serra vaticinou função responsáve­l no sul do continente a contribuiç­ão de Federica Mogherini, alta representa­nte da União para os Negócios Estrangeir­os e a Política de Segurança, que no prefácio alerta para a relação da União com a anarquia da circunstân­cia mundial, e conclui, com esperança, que “estabelece­mos uma colaboraçã­o prática e regida por princípios, partilhand­o com os nossos parceiros as responsabi­lidades globais e contribuin­do para as fortalecer”.

A questão é sobretudo a da relação ser baseada num ordenament­o presidido por igual sentido da ordem com justiça, e nesta data a pergunta mais abrangente é a de saber a capacidade de os ocidentais terem uma visão e práticas solidariza­das pelos mesmos princípios. Por isso, não é segurament­e inoportuno lembrar, na pedida resposta, que o futuro dos ocidentais, na ordem global, também passa pelo Brasil.

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